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Estudante de Direito fatura R$ 900 por dia na praia vendendo geladinho de vodca

Em busca da independência financeira, o estudante de Direito Gabriel Velloso, 24, decidiu trocar o ar-condicionado do escritório pelo sol escaldante na orla da Barra, em Salvador. Era Carnaval de 2016, e ele estava sem estágio em sua área. Pegou R$ 3.000 emprestados no banco e criou o gelaroska, um geladinho feito com vodca no lugar de água.

Também conhecido como gelinho, sacolé, dindim e chup-chup, o geladinho é um picolé artesanal servido dentro de pequenos sacos plásticos.

O retorno veio em quatro meses, segundo ele, que prefere não divulgar faturamento nem lucro mensais. Velloso afirma que o ponto alto do negócio ocorre nos feriados e fins de semana de verão, quando dá para faturar até R$ 900 por dia.

“Depende muito do mês. Num dia bom, vendemos de 70 a 140 unidades. Reinvisto a maior parte do lucro na própria empresa.”

Além de vender na praia, como ambulante, o empreendedor também faz entrega em domicílio e encomendas para festas. “As pessoas compram mais por encomendas do que na praia”, diz. Os preços dos geladinhos variam de R$ 2 a R$ 12.

O jovem conta com a ajuda de três promotores de vendas e três auxiliares de produção. Velloso estuda à noite na Universidade Federal da Bahia. Fará o 6º semestre neste ano. Ele trabalha com o gelaroska das 10h30 às 17h.

Para este verão, lançou dois produtos: o gelachamp, à base de espumante (com morango, chocolate e coco) e servido numa taça personalizada, e o gelasotero, sem álcool (à base de água ou leite, no caso do sabor de coco).

Ideia veio das redes sociais

Velloso diz que fazia ações promocionais desde os 18 anos, mas que, em 2016, não conseguiu nenhum tipo de trabalho.

Precisava arranjar alguma coisa para ganhar dinheiro. Pesquisando nas redes sociais, vi que viralizavam postagens de produtos associados a sorvete com bebida alcoólica, como o sorvete com cerveja. Pensei: por que não associar um sorvete com uma vodca? Foi aí que nasceu o gelaroska.

Gabriel Velloso, dono do negócio

Antes de chegar à fórmula final, ele diz ter testado seis receitas, sempre ouvindo a opinião de outras pessoas quanto ao sabor do produto.

Pôs uma caixa térmica a tiracolo e saiu para vender o produto em meio aos foliões que se divertiam atrás do trio elétrico. A namorada, a administradora Aline Borges, 29, o ajuda desde o início da empreitada.

Passada a folia, diz que não tinha nem conseguido recuperar os R$ 3.000 do empréstimo. “Mas resolvi continuar, porque o ‘feedback’ dos clientes foi muito interessante. Fiz todo o investimento de maquinário para produzir algo mais profissional.”

Ele comprou seladoras, impressora, máquina de corte, freezer e bobinas de plástico e fez cursos como o de marketing digital.

O geladinho é embalado em duas “capinhas”, seladas nas pontas. O rótulo informa os ingredientes, data de vencimento e teor alcoólico (6%). Toda a produção é artesanal e feita na casa de Velloso, seguindo as normas da Vigilância Sanitária, diz.

Geladinho à base de espumante sai por R$ 12

Os geladinhos são vendidos em dois tamanhos. A versão “shot”, de 80 ml, está disponível para compra a partir de dez unidades. A versão convencional é de 160 ml.

Os gelaroskas têm sabores de coco, cajá e umbu e custam R$ 2 (80 ml) ou R$ 5 (160 ml). Os sabores “premium” são mousse de maracujá, de morango ou de chocolate. Custam R$ 3 (80 ml) e R$ 8 (160 ml).

As entregas em domicílio são feitas a partir de dez unidades, e os preços são diferentes: R$ 4 (frutas) e R$ 6 (premium, de 160 ml).

Já o gelachamp sai por R$ 12 (cada). A partir de dez unidades, fica por R$ 10. As duas versões acompanham uma taça de brinde. O gelasotero é vendido a R$ 3,50 (frutas) e R$ 4 (de mousse). Para o gelaroska, Velloso diz usar vodca Orloff. O gelacahmp é feito com espumante Chandon, diz ele.

Os preços são semelhantes aos de outras marcas de geladinhos vendidas na região, como Êba! Delícia… e Caipilé Carioca Bahia. O empreendedor aceita pagamento em dinheiro, débito, crédito ou depósito antecipado.

Velloso também oferece seu produto para revendedores. Segundo ele, não há uma carteira fixa. Há revendedores esporádicos, que compram por conta própria. Não são consignados. A quantidade mínima para revenda é de R$ 400 em produtos.

“Mas o grande objetivo para 2018 é inserir nossa marca em bares, restaurantes, cantinas e lojas que queiram revender por meio de consignação. Ou até mesmo comprando uma quantidade mínima, pelo preço de revenda, e comercializando pelo preço de tabela”, declara.

Negócios sazonais têm prós e contras, diz especialista

Produtos essencialmente de verão (sazonais) tendem a experimentar picos na alta estação e queda brusca nos períodos mais frios, declara Diógenes Silva, analista do Sebrae-BA. “Em Salvador, cidade que é quente na maior parte do tempo, esse tipo de problema é um pouco menor, o que, porém, não deixa de existir.”

Ele recomenda colocar no papel quais os períodos de maior e menor venda, fazer um planejamento estratégico e criar um plano B para os períodos de baixa.

Por Alexandre Santos
Fonte: economia.uol.com.br

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