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Entre os brasileiros inadimplentes, grande parte é de aposentados

Muitos gastam mais dinheiro do que poderiam ajudando a família. Idosos também são vítimas de golpes e de abusos financeiros.

Uma grande parte dos aposentados costuma aparecer na lista dos cidadãos que não estão conseguindo pagar as dívidas em dia, os inadimplentes. E esses mesmos brasileiros também são vítimas frequentes de abusos financeiros.

“Se eu posso ajudar por que vou falar não?”, pergunta a professora aposentada Isabel Cristina dos Santos.

É pensando assim que muitos idosos, já aposentados, socorrem parentes que precisam de dinheiro.

Isabel já foi professora, trabalha como cozinheira e ainda teve que pegar dois empréstimos para ajudar os dois filhos. Só tem um problema:

“Na hora de pegar o dinheiro na mão é fácil, na hora de pagar que é o duro”.

Um drama familiar parecido com o de vários outros aposentados no país. A crise e o desemprego fizeram disparar a quantidade de idosos com dívidas em atraso. Enquanto a inadimplência em geral subiu quase 3,5%, nos últimos 12 meses, entre os idosos a taxa triplicou. Hoje, mais de um terço da população acima de 60 anos está com o nome sujo na praça. São quase dez milhões de pessoas.

O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, explica:

“Foi justamente quando o desemprego subiu muito forte na economia brasileira. Isso gerou perda de renda de praticamente todas as famílias brasileiras e os idosos dessas famílias tiveram que, de alguma forma, socorrer emergencialmente aquela situação”.

A promotora Cláudia Beré, que cuida dos direitos dos idosos em São Paulo, alerta que eles também são vítimas de golpes e abusos financeiros.

O último dado do Disque 100, que recebe denúncias de violação de direitos humanos, registrou mais de 21 mil queixas envolvendo idosos. Quase 40% eram abusos financeiros cometidos por parentes ou pessoas próximas que conquistam a confiança do idoso para explorá-lo economicamente.

A recomendação é que, para evitar esse problema, o idoso aprenda a dizer não quando a ajuda para a família não couber no orçamento.

“Como vou comprometer as minhas finanças para ajudar o parente? Aí o parente fica fora da inadimplência e inadimplente fico eu?”, pergunta a promotora.

Isabel mora de aluguel e um dos filhos, no apartamento que ela comprou. Mas não perde a esperança de se livrar das dívidas. Afinal, o filho agora arrumou um trabalho.

“Acho que este ano ele vai se estabilizar e não vai precisar depender tanto do meu recurso. Então acho que este ano vai fluir tudo melhor. Eu creio”.

SIEL GUINCHOS

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