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DEM e PT travam duelo nas maiores cidades do interior da Bahia

Partidos buscam apoios e votos nas dez maiores cidades do interior

A um ano da disputa eleitoral pelo governo do estado, as principais lideranças políticas das dez maiores cidades do interior já estão posicionadas em um dos lados da batalha que começa a se desenhar entre o governador Rui Costa (PT) e o prefeito ACM Neto (DEM). O CORREIO mapeou as articulações em torno das alianças com 54 caciques desses municípios, sendo que apenas cinco ainda estão em cima do muro sobre o apoio ao petista ou ao democrata em 2018, caso a disputa entre os dois se confirme na sucessão.

Embora o prefeito ainda não tenha se posicionado sobre a candidatura ao governo do estado, seus aliados já trabalham na articulação de líderes regionais nos maiores colégios do interior, de olho nos votos de 1,66 milhão de eleitores, fatia que representa 16% do total do estado. Entre os prefeitos, cinco estão com Rui, quatro com Neto e um ainda não escolheu lado.

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Em Feira de Santana, a maior do interior, o jogo já está praticamente definido. Um dos maiores redutos do democrata, a Princesa do Sertão é estratégica por ser a capital de sua própria região metropolitana, composta por 16 municípios, e exercer influência nesse entorno.

Lá, o prefeito José Ronaldo (DEM), reeleito no ano passado com 71% dos votos válidos, é o principal cabo eleitoral de Neto, enquanto o deputado estadual Zé Neto (PT), derrotado pelo democrata na disputa pela prefeitura, segue no time Rui. O governador também conta com o apoio do deputado federal Fernando Torres (PSD).

Mesmo sendo dominado pelo DEM, o que se refletiu na boa votação de José Ronaldo, Feira deu vitória a Rui em 2014, no embate com o ex-governador Paulo Souto (DEM).

Inversão
Por outro lado, Vitória da Conquista, histórico reduto petista, viu a oposição conseguir uma vitória depois de 20 anos  sob domínio do PT, com a eleição de Herzem Gusmão (PMDB) no ano passado.

O peemedebista derrotou, no segundo turno, o deputado estadual Zé Raimundo (PT), que já comandou o município, segundo maior colégio eleitoral do interior. Além de Herzem, Neto terá apoio também do ex-vereador Arlindo Rebouças (PSDB), que disputou a prefeitura e teve votação considerada surpreendente, ocupando o terceiro lugar no pleito de 2016.

Do lado governista, Rui tem no seu front em Conquista o ex-prefeito Guilherme Menezes (PT), que não conseguiu eleger o substituto, mas segue bem avaliado no município. Além de Zé Raimundo, o deputado federal Waldenor Pereira (PT) e o deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB) são outras lideranças locais do time petista.

Outra vitória da oposição considerada importante foi em Alagoinhas, 10º maior do interior do estado. Por lá, o prefeito Joaquim Neto (DEM) conseguiu derrotar, no ano passado, três aliados do governador: o deputado estadual Joseildo Ramos (PT), Sônia Fontes (PSB), apadrinhada do ex-prefeito Paulo Cezar Simões (PDT), e Radiovaldo Costa (Rede).

Joseildo e Paulo Cezar, com dois mandatos cada, dividiam o poder na cidade desde 2001 e são os mais fortes aliados do governador em Alagoinhas. Ex-prefeito de Sátiro Dias, Joaquim tem com ele o deputado federal Paulo Azi (DEM), uma das principais lideranças da região e aliado de Neto.

RMS
Na Região Metropolitana de Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas já estão com os palanques preparados. No primeiro, o DEM voltou ao comando do município após 12 anos de governos petistas, com a eleição de Antonio Elinaldo. Além dele, no grupo de Neto também estão os ex-prefeitos Helder Almeida (DEM) e José Tude (PMDB), atual vice.

Do outro lado, está o grupo liderado pelo deputado federal Luiz Caetano (PT) e que conta também com o ex-prefeito Ademar Delgado (PCdoB). Mesmo rompidos, eles devem seguir unidos para buscar a reeleição de Rui. Ademar, contudo, teve rejeição de cerca de 70% da população, segundo pesquisas feitas no final do mandato, e há dúvidas na própria base governista sobre o tamanho do apoio dele.

Em Lauro de Freitas, o governador tem ao seu lado a prefeita Moema Gramacho (PT) e o vice-governador João Leão (PP), além da deputada estadual Mirela Macedo (PSD). Já Neto conta com o ex-vereador Mateus Reis (PSDB), derrotado ano passado na corrida pela prefeitura. O empresário Teobaldo Costa (PSDB) é outro cabo eleitoral do democrata no município. Influente na cidade, Teobaldo cogita uma candidatura a deputado.

Em Teixeira de Freitas, no Extremo-Sul, as principais lideranças também já escolheram em que lado vão jogar. Apesar do bate-chapa na eleição passada, o prefeito Temóteo Brito (PSD) e seu antecessor João Bosco (PT) vão aderir a Rui. A ex-vereadora Marta Helena (PSDB), que também concorreu em 2016, e o deputado federal Uldurico Júnior (PV) sinalizaram apoio ao candidato da oposição.

Otimismo
Aliados de Rui e Neto adotam o mesmo discurso de que o cenário é favorável a ambos, mas ponderam que ainda é cedo para fazer prognósticos no filé do interior. O deputado federal José Carlos Aleluia, presidente estadual do DEM, vê vantagem de  Neto mesmo nas cidades governadas por aliados de Rui. “O povo está farto do PT na  Bahia. Estamos presentes e fortes nas principais praças”, diz o parlamentar.

O senador Otto Alencar,  presidente estadual do PSD e um dos principais articuladores do governo, é mais ponderado. “O cenário muda por minuto. Muita coisa  pode acontecer até lá”, avalia. Otto ressalta que os prefeitos só vão transferir votos para o  aliado – seja Neto ou Rui – se estiverem bem avaliados. Caso não, a liderança da oposição leva vantagem.

Otto Alencar é o principal fiador das alianças firmadas com o PT (Arquivo GANDUZÃO)

Ao contrário dos outros anos, o senador acredita que a eleição nacional não terá grande influência na estadual. “Nenhum candidato a presidente deve ultrapassar os 30% no primeiro turno, vai ficar  todo mundo no mesmo bolo”, afirma Otto.

A vantagem de Rui, para o senador, é a boa avaliação,  aliada aos apoios nos municípios. “A crise, embora profunda, foi contornada  pelo governador aqui”, acrescenta. Aleluia, por outro lado, diz que cresce o movimento de adesão a Neto entre lideranças das principais cidades baianas e que o prefeito, inclusive, tem sido procurado por elas.

“Ele está crescendo. É preciso organizar a agenda dele, porque ele também tem a  cidade para governar. O povo quer mudar, e isso é evidente. A insegurança na  Bahia vai acabar com o governo Rui”, pontua o deputado.

 

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