A Americanas entrou nesta sexta-feira (13) com pedido de tutela de urgência cautelar junto à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Com isso, a empresa consegue impedir que seus ativos sejam bloqueados a pedido de credores, por exemplo.
O pedido à Justiça foi confirmado pela empresa em comunicado ao mercado divulgado na noite desta sexta.
O juiz Paulo Assed concedeu a medida, à qual a reportagem teve acesso, que tem o objetivo de suspender qualquer possibilidade de bloqueio, sequestro ou penhora de bens da varejista, que também fica desobrigada de pagar suas dívidas até que um eventual pedido de recuperação judicial seja feito à Justiça.
Segundo um especialista ouvido pela reportagem, na prática, a medida concede à Americanas a antecipação dos efeitos de um pedido de recuperação judicial, iniciativa que pode ser tomada dentro de um prazo de 30 dias, de acordo com a decisão da Justiça.
No pedido de tutela, a empresa afirma que a descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões pode acarretar “no vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante aproximado de R$ 40 bilhões”.
A Americanas afirma ainda que já nesta sexta teve a cobrança de R$ 1,2 bilhão em decorrência de “compensação financeira operada por credor financeiro, com fundamento na inconsistência dos seus lançamentos contábeis”.
Ou seja, a companhia já recebeu a primeira execução administrativa de um contrato ativo.
No comunicado ao mercado divulgado pela empresa na noite desta sexta, após a notícia sobre o pedido, a Americanas afirma que, “tendo em vista a urgência na adoção de medidas de proteção da companhia e das demais empresas do Grupo Americanas, julgou que a apresentação de pedido de tutela de urgência seria a medida mais adequada”.
O objetivo, diz a varejista, é “preservar a continuidade da oferta de serviços de qualidade a seus clientes (consumidores, sellers, merchants, fornecedores, parceiros e o nosso time), dentro dos compromissos assumidos com todos os seus stakeholders, preservar o valor da companhia e do Grupo Americanas, e assegurar a manutenção da continuidade de seu negócio e sua função social”.
A empresa afirma, porém, que “a tutela de urgência não representa um procedimento de recuperação” envolvendo a varejista. “A companhia continua empenhada em manter conversas positivas com seus credores visando ao atingimento de um acordo que seja benéfico a todos os seus stakeholders”, informou.
A crise envolvendo a Americanas teve início na quarta-feira (11), após o fechamento do mercado, com o comunicado de que Sergio Rial deixava o comando da empresa dez dias após assumir o cargo e o anúncio de que foram identificados cerca de R$ 20 bilhões em “inconsistências” no balanço da empresa.
Rial, que ficou seis anos à frente do Santander Brasil, substituiu Miguel Gutierrez, presidente da Americanas por cerca de duas décadas. O diretor financeiro Andre Covre também deixou a função na qual havia acabado de ingressar.
Nesta sexta, as ações ordinárias da Americanas subiram 15,80%, recuperando parte das perdas desta quinta, dia em que desabaram quase 80%.
Em 22 de agosto de 2022, no primeiro dia de negociações após o anúncio Rial como presidente da Americana, a ação ordinária da companhia valia R$ 15,96. Nesta sexta, vale R$ 3,15.