Sul da Bahia, 30 de maio 2022
Clientes finais exigentes, impulsionam a obrigatoriedade pela certificação de origem da produção primaria do cacau brasileiro.
Os primeiros movimentos para prospecção das origens de produção, surgiram na Europa, próximos do início de 2004. Protestos, partindo de admiradores de chocolates, expressaram repudio ao identificar, vestígios de trabalho escravo e infantil, nas lavouras de cacau africanas. Reagindo, os consumidores finais, passaram exigir a validação de rastreabilidade, impressa nos rótulos dos alimentos. Inicialmente, as garantias se apresentavam, através os selos das certificadoras, tais quais: UTZ e Reinforest Alliance.
Pressionados, os controladores comerciais ligados aos governos de Gana e Costa do Marfim, em ação conjunta com indústrias processadoras e grandes chocolateiros, imprimiram diversos programas sustentáveis, visando principalmente atender a demanda dos europeus e americanos. Conforme esperado, foram encontrados diversos entraves para atribuir as certificações. Fontes garantem, que apesar do empenho empregado nos programas africanos, os quais, foram implementados desde 2006, atualmente indicam consolidar êxito, em menos de 40% do total das propriedades.
Empresas globais espalharam programas em zonas de atuação
Mediante o posicionamento globalizado das principais companhias envolvidas no setor, as certificações, também passaram a serem direcionadas para outras origens. No Brasil, as empresas iniciaram em ações desde 2011, mostrando um baixíssimo indicie de êxito, nas prospecções de fazendeiros interessados em certificar propriedades. Naquele instante, os agricultores locais, relataram, que os maiores entraves, se apresentavam nos elevados custos, para adequação dos requisitos solicitados pelas certificadoras.
Indústrias moageiras locais estabelecem metas de rastreabilidade utilizando programas simplificados
Aos poucos, os principais chocolateiros, adotam postura cada vez mais incisiva, para obtenção das informações de procedência das amêndoas, as quais, compõem o processamento industrial dos derivados. Fontes garantem, que os principais deles, contam os dias, para iniciar a recusa de produtos semi-elaborados, sem a devida rastreabilidade.
Motivadas por pressões dos fabricantes finais, as indústrias moageiras, iniciaram uma relevante corrida, no mercado local. Com o intuito de maximização do foco, os processadores, criaram programas simplificados e individualizados de certificações.
Indústrias processadoras encontram sérios obstáculos e pressionam Intermediários
A principal dificuldade enfrentada pelas moageiras, reside na identificação dos produtores, visto que, a grande maioria deles, compõem a base de carteira dos comerciantes ou repassadores, os quis, são responsáveis por mais de 75%, da totalidade dos volumes de cacau, originados no território nacional e entregues para as indústrias.
Com objetivo de atingir o alvo, as grandes processadoras, redesenharam o modelo de comercialização com os repassadores. Além de algumas imposições de caráter estrutural, a principal mudança, reside na obrigatoriedade dos intermediários, em informar os dados de todos os seus fornecedores e origens, em cada uma das operações de vendas realizadas para as referidas moageiras.
Se de um lado, os comerciantes, clamam por melhores margens e adequações comerciais, temendo principalmente, ceder a base cadastral dos seus fazendeiros parceiros, do outro, as indústrias moageiras, alegam que o movimento de certificação de origens, se apresenta como um vetor de sobrevivência para a cadeia produtiva do cacau. Fontes das indústrias, afirmam ser essa, uma tendencia global, observada, nas mais diversas commodities agrícolas, não somente no cacau. Comentam também, que jamais pretendem desarticular a cadeia intermediaria, a qual, consideram de suma importância, dentro da composição do negócio, porém, imaginam que, o novo enquadramento, incidirá em um grande filtro de fornecedores.
Fonte: mercadodocacau