Centro tem sofrido, ano após ano, com a cheia do rio, sobretudo no mês de dezembro
O ano está começando movimentado no Centro de Canoagem de Ubaitaba, principal celeiro de atletas da canoagem no Brasil e que fica no município no sul da Bahia. Novamente, a cheia do Rio de Contas gerou danos à estrutura do equipamento fundamental para o esporte no Brasil, considerado referência mundial de formação de atletas das modalidades de canoagem.
Protagonista na formação de atletas como Isaquias Queiroz e Herlon de Souza, ambos medalhistas olímpicos, o Centro tem sofrido, ano após ano, com a cheia do rio, sobretudo no mês de dezembro.
O prejuízo, dessa vez, não foi tão grande, em razão da rapidez com que as coordenadoras do Centro, os professores e atletas se mobilizaram para garantir a preservação do espaço. Esse problema já havia acontecido. O caso mais grave ocorreu em dezembro de 2021, quando as chuvas chegaram com força, junto com a enchente, destruindo o lugar. Um ano depois, parecia que a situação se repetiria, mesmo com a ampla reforma realizada no espaço pelo Governo do Estado, finalizada em setembro de 2022.
“Tínhamos tempo hábil e a experiência do que tinha acontecido em 2021. Conseguimos desmontar os materiais (canoas, equipamentos) e colocar em um local seguro”, conta Luciana Costa, uma das coordenadoras do Centro, vice-presidenta da Confederação Brasileira de Canoagem, presidenta da Associação Cacaueira de Canoagem, atleta (ex-seleção brasileira) e professora.
Uma parte da estrutura de uma parede, porém, ficou destruída, por conta da força da água, e o deck do píer se soltou. Foi encontrado em Taboquinha, distrito de Itacaré. Um mutirão foi organizado para recuperar e limpar o espaço e, em que pese tais dificuldades, as atividades de preparação física e técnica já retornaram e os treinos na água para as competições de 2023 começam na próxima segunda-feira, 16 de janeiro.
Treinos e atividades
Além dos atletas de alto rendimento, o Centro de Canoagem de Ubaitaba integra o projeto Remando no Litoral Sul, de ensino de canoagem para 360 crianças e adolescentes, de 7 até 18 anos, no litoral sul da Bahia. Em Ubaitaba, 90 crianças participam das aulas e treinos no espaço. Todas essas atividades retornam na próxima semana.
“Vai funcionar tudo normal. Por enquanto, estamos fazendo só a parte física para não perder essa fase de preparação geral, porque está iniciando a temporada, e agora vamos começar o treino na água”, explica Luciana, que cita atletas do Centro de Canoagem de Ubaitaba, como os irmãos Milton Luz e Dalvan Luz e Jheniffer Rafaela, da modalidade velocidade, que têm o potencial de participar de competições importantes até 2024, incluindo o Mundial, em agosto deste ano, na Alemanha, e as Olimpíadas de 2024 na França.
O primeiro desafio são as etapas da Copa Brasil, que acontecem em março, em Lagoa Santa e Capitólio, em Minas Gerais, seletivas para o mundial deste ano. “São provas muito importantes para o pré-Olímpico, onde são selecionados os melhores atletas nas categorias cadete, júnior, sênior e master, nas provas de canoa e de caiaque”, diz.
Luciana também menciona outros nomes, a exemplo de Jonatas Santos, Aiala Santana, João Victor Ferreira e Iuri Barbosa, que também fazem parte do Centro de Treinamento de Ubaitaba e estão despontando como uma renovação de atletas de nível olímpico e podem representar o Brasil.
Sobre a preparação para as competições de 2023, Milton Luz, que começou na canoagem cedo, aos oito anos, e treina há 17 anos, diz que a expectativa é de “um grande ano” para a equipe de alto rendimento. “Estamos agilizando para retornar depois do que aconteceu no final do ano passado e voltar aos treinamentos”, diz Milton Luz, que compete na modalidade velocidade e é um dos principais destaques atuais da chamada capital nacional da canoagem, além de professor.
O atleta tem no currículo dezenas de títulos: campeão baiano, campeão brasileiro, campeão pan-americano e campeão sul-americano. Ou seja, ganhou tudo no continente. Na coleção, falta apenas a conquista de competições mundiais. Nesse nível, o seu melhor resultado foi a 11º no mundial.
Depois das competições, o atleta sempre volta para Ubaitaba, com muito orgulho das suas provas e conquistas, mas também do trabalho como professor e das iniciativas social e de inclusão realizadas no Centro de Canoagem de Ubaitaba. “É a minha segunda casa. Dali conseguimos lutar e acolher crianças da comunidade e ensinar o que é correto. O esporte tem essa grandeza”, completa.