Causada por fungos, a podridão-parda é responsável por perdas que vão de 30 a 40% na produção global do cacau. Na Bahia, segundo maior Estado produtor do Brasil, somente na safra 2017 a doença gerou prejuízos de 14%, de acordo com o dados do Ceplac, de Ilhéus.
Agora, uma pesquisa genômica inédita realizada na Unicamp e em plantações de cacau do sul da Bahia identificou genes resistentes a três espécies de fungos do gênero Phytophthora presentes no território brasileiro e causadoras da doença. Dois desses fungos são responsáveis por perdas de até 10% da produção mundial.
A descoberta abre caminho para o controle da doença no Brasil e em outras regiões tropicais onde o cacau é cultivado, como na África, que vem sofrendo com a podridão-parda.
O trabalho é resultado de uma tese de autoria de Mariana Barreto na área de genética animal. Apesar de ter sido defendida em 2014, somente agora os resultados da pesquisa foram publicados.
“O objetivo do estudo era descobrir se havia plantas resistentes ao fungo, além de saber se era possível usar as plantas como fonte de resistência”, diz a orientadora do estudo, a professora Anete Pereira de Souza, do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Unicamp.
A partir de um conjunto de plantas originadas de cruzamento e mantidas por um centro de pesquisa em Ilhéus desde o começo dos anos 2000, a pesquisa se deteve sobre 300 árvores para saber quais eram resistentes e sensíveis à podridão-parda. O resultado levou à descoberta de um conjunto de perfis de genes.
A pesquisa identificou seis regiões diferentes do genoma do cacau com resistência ao fungo. “É uma resistência durável. Pode ser transmitida geneticamente e controlada por um número pequeno de genes”, diz Anete.
De acordo com a pesquisadora, os resultados abrem caminho para a obtenção rápida de plantas resistentes aos fungos. “Descobrimos onde estão as plantas resistentes, a forma de transmissão e com um teste simples conseguimos selecionar rapidamente aqueles resistentes às três espécies de fungo”.
Segundo a pesquisadora, as plantas resistentes descobertas pela pesquisa já estão sendo usadas em outros cruzamentos.
Fonte: Globo Rural