NOVA BAHIA 2024

Brasil chegará a 100 mil veículos elétricos em 2022, prevê setor

Segundo a ABVE, custo operacional de carro deste tipo chega a ser 80% menor do que em um veículo a combustão

Foto: REUTERS/Fabrizio Bensch

O Brasil deve alcançar a marca de 100 mil veículos elétricos no começo do segundo semestre de 2022.

Atualmente, há 79,8 mil deles em circulação no país, entre automóveis, utilitários e veículos comerciais leves, segundo projeção da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Esse dado não inclui ônibus, caminhões e veículos levíssimos.

Em 2021, o mercado de veículos elétricos e híbridos apresentou um recorde de 34,9 mil unidades vendidas. Números que superam todas as previsões da ABVE e representam um aumento de 77% sobre os 19,7 mil emplacamentos realizados em 2020.

Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em todos os 26 estados e no Distrito Federal, há automotores deste tipo, mas a maior parte deles está concentrada nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Em relação às cidades, há mais veículos elétricos em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Isso ocorre devido ao grande incentivo à eletromobilidade nessas regiões, como a criação de planos de mudanças climáticas com metas de redução de poluentes, incentivos para diminuir o IPVA, isenção do rodízio de automóveis e investimentos massivos em ampliação de infraestrutura de recarga.

O Rio de Janeiro foi o primeiro município do Brasil a ter caminhões de lixo com zero emissão de gases poluentes: cerca de 10% da frota atual é elétrica. O presidente da ABVE, Adalberto Maluf, explicou uma das principais causas para o aumento das vendas nesse setor.

“Houve um aumento muito grande na venda de caminhões elétricos, mais de 1.100%. O principal motivo do crescimento do consumo de veículos elétricos em 2021 foi o desempenho ambiental, social e de governança (ESG) das empresas do Brasil”, disse Maluf.

“Teve um crescimento significativo das vendas de veículos leves para empresas, devido a essa agenda ESG, de logísticas verdes, que cresceram muito ano passado. Além disso, podemos citar o uso cada vez maior por empresas que utilizam veículos elétricos para seus executivos e funcionários”, ressaltou.

O mercado atualmente se divide entre três tipos de veículos. Há os 100% elétricos, os mais sustentáveis, por não terem motor movido à combustão. Eles são movidos a bateria recarregável e representam atualmente a menor parte da frota: apenas 8% do total.

A proporção, no entanto, está em crescimento e a venda desses modelos é três vezes maior a cada ano.

Há também os híbridos, com motor a combustão movido por alguma fonte fóssil, como gasolina, álcool ou diesel, combinado com um motor elétrico de bateria recarregável, que converte em eletricidade a energia perdida nas frenagens.

Estes se subdividem em dois tipos: os que só recarregam a bateria desta maneira, híbridos típicos, e os que oferecem a opção de recarga externa: os híbridos plugáveis.

Os combustíveis fósseis enfrentam também, além do preço, pressões ambientais, por conta dos compromissos assumidos na COP-26 por diversos países, pela redução de emissões de carbono, responsáveis pelo efeito estufa.

O veículo elétrico contribui para reduzir a emissão de poluentes. Atualmente, um carro totalmente elétrico custa a partir de R$ 150 mil no Brasil. Diogo Seixas, diretor de infraestrutura da ABVE, negou que eles sejam muito mais caros, como percebe parte da população, e lembrou as circunstâncias da oferta.

“O que acontece é que, sem produção nacional, todos os veículos são importados. Entram nessa equação questões como frete e câmbio, com a nossa moeda desvalorizada frente ao dólar”, afirmou.

“Nesse cenário, o Brasil só tem recebido modelos de carros elétricos de luxo, mais confortáveis, e que custam mais. Naturalmente, eles não estão na mesma categoria de um carro popular movido a combustão. É uma comparação inadequada”, acrescentou.

A recarga é um desafio para os proprietários de veículos 100% elétricos ou para os híbridos plugáveis. Com isto, tem crescido o número de pontos de recarga instalados no país.

Geralmente os pontos de recarga são privados, de acesso restrito: pertencem aos proprietários, instalados em residências ou empresas que tenham frotas, ou de acesso público, como em redes hoteleiras, shoppings centers e supermercados.

Os pontos de recarga existem para acelerar o tempo de carregamento da bateria. Em uma tomada residencial comum, os modelos mais comercializados chegam a levar entre 45 e 48 horas para completar o processo que, com a tecnologia utilizada nesses pontos, pode ser realizado em menos de cinco horas.

O CEO da GreenV, empresa que tem instalado entre 60 e 70 pontos de carregamento por mês, Júnior Miranda, explicou que o serviço viabiliza o uso diário dos veículos.

“Hoje cerca de 50% dos pontos de recarga que instalamos ficam em São Paulo, e acreditamos que chegaremos a 100% instalações mensais até o segundo semestre. Essa rede não é nossa: fazemos para clientes em suas residências, para empresas, que precisam atender às suas frotas”, declarou Miranda.

“Em alguns casos fazemos apenas a instalação. Em outros, também manutenção e acompanhamento. Muitos são para locais particulares de acesso público, como shoppings centers, clubes e hotéis”, completou.

Outro tema que frequentemente preocupa o consumidor que pensa em adquirir um veículo elétrico é a conta de luz. Sobretudo em um momento no qual o país enfrenta uma crise hídrica que impõe uma bandeira de escassez energética na tarifa: são R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.

Para o CEO da GreenV, essa é uma preocupação que não encontra eco na realidade de quem atualmente dirige um veículo movido a combustão.

“Há um aumento na conta de energia, plenamente compensado com a redução de custos com o abastecimento por combustíveis. É uma despesa que fica de três a cinco vezes mais barata, principalmente no uso empresarial. Já que as empresas que eletrificam a frota frequentemente pagam bem menos pela energia, principalmente as que contratam pelo mercado livre”.

“Tem isenção de IPVA, de rodízio em São Paulo, uma série de medidas que barateiam custos. Assim, é um investimento que se paga de 18 a 24 meses”, concluiu Miranda.

SIEL GUINCHOS

Veja também

GOVERNO DA BAHIA