Mesmo com o aumento da percepção do impacto econômico da crise do coronavírus, apenas um quarto dos baianos opinou que o país está pronto para a reabertura, de acordo com pesquisa do DataPoder360, realizada em parceria com o Grupo A TARDE, entre os dias 20 e 22 de julho.
Ainda segundo o levantamento, 64% dos entrevistados na Bahia disseram acreditar que o Brasil não está preparado para a retomada das atividades econômicas e outros 11% não opinaram.
O percentual daqueles que confiam neste momento na reabertura brasileira é ainda menor em Salvador: 18%. Outros 75% dos soteropolitanos ouvidos avaliaram que o país não está preparado para a retomada e 7% não responderam. Na sexta-feira, 24, ocorreu a reabertura dos shoppings e do comércio de rua na capital baiana, conforme a fase 1 do plano de retomada.
Apesar do fluxo intenso observado na entrada do Shopping da Bahia ontem, o movimento foi considerado “bem tranquilo” por Leise Scabibi, presidente da Alscib, a associação de lojistas do estabelecimento. “É interessante que suba o movimento aos poucos, para a gente se acostumar ao novo normal”, afirma.
Para ela, muitas pessoas ainda não sabiam que os shoppings reabririam ontem, o que sugere que o fluxo pode aumentar nos próximos dias. “O shopping tomou a decisão de não fazer um comunicado aberto”, diz. Além disso, Leise pontua que a estimativa é de um volume de vendas 40% inferior, apesar da reabertura. “É um processo natural, um aprendizado para o consumidor, o lojista e o shopping como um todo”, aponta.
A presidente da Alscib diz que o faturamento dos lojistas do Shopping da Bahia caiu mais de 95%. “Muitos fecharam, foram dois meses sem vender nada”, afirma. Ainda segundo a lojista, no período em que funcionaram somente os sistemas de delivery e drive-thru, as vendas representaram menos de 10% da média usual.
No âmbito nacional, 29% dos consultados pela pesquisa disseram que o Brasil está pronto e 60% afirmaram que o país não está preparado para reabrir os negócios. Outros 11% não responderam.
Pelos dados da pesquisa, houve um aprofundamento das consequências da crise nas últimas semanas na Bahia. O percentual de pessoas que disseram ter o emprego ou fonte de renda prejudicados aumentou de 70% para 74% em 15 dias. É o maior nível desde 13 de maio. O percentual em Salvador é um pouco menor: 71%.
Além disso, também cresceu o número de entrevistados que afirmaram ter alguma conta em aberto no último mês como resultado da crise do coronavírus. Esse índice chegou a 76% na Bahia, em uma alta de 6 pontos percentuais em relação a 15 dias atrás e é o maior percentual registrado em toda a série de pesquisas do DataPoder360 no estado, desde abril deste ano. Em Salvador, 73% afirmaram que deixaram de pagar algum boleto no último mês.
Outro dado que aponta o agravamento da situação financeira é a baixa disposição geral em contrair despesas altas. Menos de 1/4 dos baianos (21%) pretende fazer uma grande compra como carro, casa ou eletrodoméstico, nos próximos meses. Como esperado, o número é bem maior entre pessoas com renda acima de cinco salários mínimos – chegando a 50% – e menor entre aqueles sem emprego ou renda fixa, onde fica em 13%. Na capital, 26% responderam que planejam realizar compras de bens mais caros.
Apesar da maioria dos baianos entrevistados responder que o país não está preparado para a reabertura econômica, continuou em alta o número daqueles que defendem o retorno dos mais jovens ao trabalho, com máscaras. Antes minoritário, esse grupo alcançou os 45%, mesmo índice dos que defendem que todos continuem em casa, independentemente da idade. Outros 10% preferiram não responder. No interior do estado, já são maioria (47%) aqueles que acreditam que os mais jovens podem voltar a trabalhar.
A pesquisa também indicou, pela primeira vez desde o início da série, que mais da metade dos brasileiros (51%) defende a retomada do trabalho pelos mais jovens. Ainda de acordo com o levantamento, 40% dos brasileiros preferem a continuidade de todos em casa e 9% não responderam.
Já em Salvador, permanece uma ampla maioria favorável a que todos continuem em casa (57%), enquanto 33% afirmaram que há condições para o retorno dos mais jovens às atividades laborais. Não se manifestaram a respeito 10% dos entrevistados na capital.
Houve uma leve oscilação na Bahia do número daqueles que responderam ter saído de casa para trabalhar. Há duas semanas, eram 42%; agora, são 40%. O índice é maior no interior (41%) do que na Região Metropolitana de Salvador (33%). O percentual de quem afirmou não ter saído para trabalhar passou de 56% para 60%. No recorte por renda, os maiores percentuais de quem saiu para trabalhar estão entre os que ganham entre 2 e 5 salários mínimos (66%) ou no grupo que recebe mais de 10 salários mínimos (63%).
Fonte: A Tarde