Caso eleito senador, uma das principais pautas do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Ângelo Coronel (PSD), é lutar para que a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) volte a ser administrada pelo poder estadual. Sobre o imbróglio da escolha dele na chapa de reeleição do governador Rui Costa (PT), Coronel declarou que a escolha foi resultado de um jogo político onde o PSD mereceu a vaga por ser a principal sigla do estado.
Como está a relação com a senadora Lídice da Mata após seu nome ser escolhido como candidato ao Senado?
Lídice é uma amiga das antigas, somos colegas de partido e não tenho nada de ordem pessoal com ela, assim como ela não tem comigo. A minha escolha fez parte de um jogo político onde o meu partido ficou com a vaga de senador, pois é o maior partido da Bahia e política é número. Pelo peso, o PSD foi escolhido para indicar um membro na chapa de Rui, mas a chapa são quatro membros, não tinha porque o PSB de Lídice ficar focado em cima de Ângelo Coronel como se eu fosse o algoz, o culpado pela retirada da vaga. Em hipótese alguma tiramos o nome dela. Se ela tivesse na chapa, estaria abraçado com ela, assim como estou na próxima eleição de 07 de outubro.
A baixa pontuação nas pesquisas é considerada um problema?
Não. Fizemos uma pesquisa para medir a minha popularidade que indicou que 53% das pessoas nunca ouviram falar no nome Ângelo Coronel. Outros 17% já ouviram falar e 30% conhecem. Ou seja, sou bem desconhecido e estou fazendo de tudo para me tornar conhecido e as pessoas poderem avalizar e me dar o voto. E quem não me conhece a rejeição chega quase a 0.
Quais os principais projetos a frente da Alba pode ser possível pauta no Senado?
A retirada de fiação aérea dos postes das ruas e avenidas do estado da Bahia. Esse foi um projeto polêmico que a Coelba se rebelou achando que iria aumentar o custo da energia, o que não existe. Porque quem regula o preço da energia elétrica não é a distribuidora, não é a Coelba. E com isso vamos evitar acidentes com afiação expostas e também a estética das cidades. Então essa afiação deixa de ser exposta para ser subterrânea como em outras cidades do Brasil. E aqui em Salvador, na Av. Paralela e da França onde as fiações já são subterrâneas. Obviamente demanda tempo e eu estabeleci cinco anos para a capital e dez para o interior para que a Coelba faça as mudanças. Além disso, não é só afiação elétrica, os postes também abrigam TV a cabo das empresas de internet.
A Coelba atualmente fatura mais com a locação dos postes do que com o próprio fornecimento de energia elétrica. Talvez por isso que ela se rebelou achando que ela talvez vá tirar esse ganho extra que não estava previsto na constituição interior que era para distribuir energia e não para alocar postes. Isso também dará mais segurança à população. No Senado pretendo lutar pela estatização da Coelba, pois ela presta um péssimo serviço à população.
Quais experiências como prefeito, deputado e presidente da Alba que pretende levar para o Senado?
Estou pregando a estatização da Coelba, ela já foi do governo, foi privatizada, mas presta um péssimo serviço aos baianos. É tanto que hoje em grandes e pequenas cidades, a queima de aparelhos onda a Coelba não dá a carga prevista. Na parte da agricultura, nós temos deficiência no fornecimento de energia. Ainda tem fazendas no Oeste e em outras regiões sendo abastecidas por energia via motor a diesel porque a Coelba não chega nessas localidades, o que prejudica até a produção agrícola do nosso estado. Então eu vou levar ao Senado, pois isso já é uma prerrogativa do Congresso Nacional, a reestatização da Coelba para ela voltar a ser do governo e prestar um serviço de melhor qualidade.
Na Assembleia, este sexto mandato tem sido mais especial, pois estou na frente da Alba e tive a oportunidade de humanizar a Casa e mostrar que quando se quer fazer se faz. Fizemos economia, investimos em áreas sociais e foi uma experiência maravilhosa, pois ela estava estática e recuperou o respeito da sociedade. Criamos a independência, recuperamos a e harmonia.
Mas em alguns momentos chegaram a dizer que o senhor estava fazendo oposição ao governador…
Tanto não foi tensionamento que ele foi um dos defensores da nossa indicação para compor a chapa do Senado ao lado dele.
Tratando agora sobre temas nacionais, gostaria de saber o seu posicionamento sobre a descriminalização do aborto.
Sou a favor da vida e que siga a constituição federal.
E a redução da maioridade penal?
Sou a favor, pois se o menor pode votar, acredito que se ele já tem essas prerrogativas dadas pela própria constituição, sou a favor da redução também entre jovens de 16 a 18 anos.
E da liberação do porte de armas?
Não sou a favor porque armar a sociedade pode causar um caos social, pois as pessoas vivem nervosas até no trânsito e talvez no momento de fraqueza e porte de uma arma pode atirar em uma pessoa até sem querer pela raiva momentânea. Não sou a favor do armamento da sociedade, mas em propriedades rurais, produtivas onde tem safras estocadas, eu sou a favor que tenha segurança armada para evitar surto.
É a favor da descriminalização da maconha ou uso recreativo? E como resolver o problema das drogas (Uso/Tráfico) no Estado?
Se for para uso medicinal, não sou contra. Mas só em caso comprovado. Sempre defendo que nós não somos produtores de drogas. O Brasil é consumidor. O crack e cocaína não são fabricados aqui. A maioria entra por fronteiras terrestres. A grande maioria delas entra pelas nossas divisas que são quase 17 mil km de fronteira onde apenas pouco mais de 600 km são fiscalizadas pelo Exército e Força Nacional. No Senado irei propor ampliação da fiscalização na fronteira pelas forças armadas em especial pelo Exército, para que a gente possa fazer com que haja dificuldade, proibição ou veto da entrada de drogas no Brasil. Vou fazer de tudo para colocar no orçamento geral da união recursos para que a gente tenha o efetivo maior do exército na fronteira e recursos para que o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras – SISFRON possa ser concluído, ativado e com isso controla a entrada. Ele está parado por falta de verba do governo federal. No senado vou trabalhar prioritariamente na questão da segurança pública para vetar a entrada de drogas no Brasil.
No Senado, como o senhor pretende melhorar a qualidade da saúde no estado?
O SUS, que é o maior plano do mundo. Hoje são 150 milhões de usuários no Sus e outro 50 milhões utilizam planos privados e o governo federal não aloca recursos suficientes para atender a demanda da sociedade brasileira. Como senador vou lutar para aumentar no orçamento da União a verba que será aplicada no sus, que é muito importante e não podemos deixar pessoas nas filas dos hospitais porque faltam leitos para atender. Nosso projeto vai ser ampliar os recursos para o sus para que o governo estadual possa construir mais leitos de utI e as pessoas, quando necessitar de internamento não demore muito para a vaga.
Âncora Brasil é um dos países que menos aplicam na saúde. O Uruguai, que é um país minúsculo, investe mais recursos na saúde pública do que o Brasil. Na educação, defendo construção de escola em tempo integral.
Com o pacto federativo, quero que exista uma divisão melhor do bolo dos impostos e taxas de contribuições arrecadadas pelo governo federal. Ele arrecada muito, mas não repassa de forma proporcional aos municípios e estados. Com isso vamos garantir mais recursos para fazer frente as necessidades deles. Muitas vezes o prefeito sai atrás de emenda em Brasília porque não recebe o que deveria receber. A nossa luta vai ser para que as prefeituras do Brasil recebam recurso fruto das contribuições das taxas dos impostos dentro da totalidade do que o governo federal arrecada e não somente uma parte.
Como avalia o trabalho desenvolvido pelo governador Rui Costa?
Ele tem feito um trabalho diferenciado tanto é que hoje ele é tido como o melhor governador do Brasil. Recentemente vi três candidatos a governador ligando para tirar foto com ele, pois ele está sendo uma espécie de referência de gestor público.
O que você espera de um possível novo mandato dele?
Que ele possa dar sequência a tudo o que ele fez nesses três anos e meio e que ele possa também ampliar em algumas questões como água, em algumas regiões que ainda sofrem a falta. Com as construções de barragens, adutoras e sistemas simplificados. Que ele continue o programa de ampliar as ações de saúde que melhorou muito na sua gestão, mas que ainda há muito a fazer principalmente na regulação onde há muitas críticas e queixas que a pessoa precisa de um leito, uma cirurgia, mas que nem sempre conseguem com a celeridade necessária. Espero que ele continue o programa de saúde, resolva a falta d’água em algumas regiões, mantenha a agricultura familiar que fomenta muito a nossa economia e faz com que as pessoas que não tem emprego no interior. Quando você fixa o homem no campo, faz um social muito grande, pois na maioria das vezes eles vêm para a capital em busca de oportunidade, mas nem sempre acha. Vamos lutar com essas temáticas junto ao governador para que ele possa resolver.
Quais problemas do interior pode se tornar pauta no Senado?
A questão da moradia é muito importante, estive na China e lá existem várias construções que abrigam pessoas que não tem uma moradia digna para habitar com a sua família. Temos que lutar pela questão da moradia e tentar colocar recurso no orçamento para reativar o programa Minha Casa, Minha Vida que nós temos um deficit de 6 milhões de pessoas ainda sem habitação e com essa reativação vamos tirar essas pessoas que ainda não tem uma moradia digna. Ele deve ser reativado imediatamente.
É a favor do financiamento público de campanha?
Não. Os grandes países fazem financiamento privado. Aqui no Brasil é um laboratório, é a primeira eleição sem recursos privados e sim recursos públicos. Sou a favor que recurso público não seja usado em política, mas sim em questões sociais como saúde e educação. Outro problema é que as pessoas confundem financiamento privado com corrupção. Mas deve diferenciar o que é financiamento privado com e sem corrupção. Esse negócio de pegar dinheiro público para financiar campanhas eu sou totalmente contra isso. Eu vou lutar para criar um modelo similar ao americano.
Acha que o financiamento público combate a corrupção?
Existe a cultura de que as pessoas pensam que quando uma empresa coloca dinheiro na campanha, é em troca de favor futuro. Não sou hipócrita de achar que isso não acontece, mas acho que com conscientização e adotando o modelo americano, a gente vai ver que esses recursos não significa ser fruto de corrupção futura.
Como avalia a atual conjuntura política do país?
O momento político é muito grave, pois o atual presidente simplesmente deixou membros do seu governo acabar com a economia, o dólar disparado, não existe investimento estrangeiro no país, porque ninguém acredita no Brasil. Nós precisamos fazer com que o próximo presidente da república bote o Brasil nos trilhos para gerar crédito para que as pessoas voltem a investir aqui. Se há investimento vai haver geração de empregos, se há emprego há renda, e a indústria vende mais fazendo com que o governo arrecade mais com os impostos isso é uma roda. Temos que fazer uma harmonia entre o capital e o trabalho para colocar o Brasil nos trilhos.
É a favor das reformas do governo Temer?
Nós estamos passando por um momento muito difícil com o governo literalmente fora da órbita. Eu não vou aqui falar mal do governo Temer, pois quem fala mal é a própria população brasileira com a rejeição de quase 90% onde entrou aprovando algumas reformas como a trabalhista que criou um caos muito grande e tirou direito dos trabalhadores. Eu acho que foi uma reforma abusiva e que no senado ao lado de Jaques Wagner que será meu companheiro de chapa mais o senador Otto Alencar que estará lá nos aguardando vamos lutar para corrigir algumas distorções da reforma trabalhista para que os trabalhadores continuem com seus direitos adquiridos ao longo da vida.
Qual a sua avaliação da prisão do ex-presidente Lula?
Eu sou a favor do Lula Livre. A prisão dele vai de encontro ao artigo V da nossa Constituição Federal. Ela é muito clara que só se pode prender um cidadão em flagrante ou com sentencia transitada e julgada, então simplesmente rasgaram a nossa constituição e inclusive no último mês de abril deste ano convoquei uma sessão especial na Assembleia, inclusive foi à única Casa no Brasil, a fazer uma sessão de repúdio a prisão ilegal do ex-presidente Lula. Se querem tirar Lula do processo político, que tirem pelo voto não com canetadas e sentença judicial. Acho que isso é um desserviço ao povo brasileiro que quer Lula de novo presidente como mostram as pesquisas. O povo brasileiro não acredita que ele tenha feito alguma falcatrua. Se o povo tivesse certeza de que ele fez alguma falcatrua, com certeza não estaria colocando ele na cabeça de todas as pesquisas. A justiça está muito politizada e deve fazer o sue real papel.