Empresas privadas investiram no setor do agro cerca de R$ 229,5 milhões no 1º semestre deste ano
O bom desempenho do agronegócio baiano atrai novos projetos em diversas regiões, diversificando e ampliando a produção existente. No primeiro semestre deste ano a estimativa do investimento de empresas privadas foi de R$ 229,5 milhões, de acordo com protocolos assinados com o estado.
Os números prospectam um crescimento no setor sobre o ano passado, quando alcançou de janeiro a dezembro R$ 243,5 milhões aplicados em implantação, modernização, bem como em ampliação de projetos que já estavam em funcionamento.
O agronegócio alcançou R$ 22,7 bilhões de Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, correspondendo a 24,3% do movimento econômico estadual no período, de acordo com dados divulgados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
Atividade que envolve grandes e pequenas propriedades, corresponde ainda a 1/3 dos postos de trabalho no estado e metade das exportações baianas, impulsionadas principalmente pela celulose, grãos, plumas do algodão e frutas. Só a produção de grãos deve ultrapassar 11 bilhões de toneladas este ano, representando um aumento de 8,2% sobre o ano passado.
“O atual cenário do agronegócio baiano é muito positivo, com recordes sucessivos de crescimento das nossas safras e até das nossas exportações, que no primeiro semestre de 2022 foram de R$ 2,7 bilhões”, pontuou o secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), Leonardo Bandeira.
O crescimento foi de 26,2% em comparação ao mesmo período de 2021 e, de acordo com ele, a conjuntura atual, “torna a Bahia um ambiente propício para a atração de investimentos no setor”, assegurou, lembrando que o estado atua com ações para alavancar ainda mais a atividade, desde obras de infraestrutura, a incentivos fiscais e criação de fundos com setores específicos.
Entre os investimentos públicos visando o engrandecimento da agricultura e pecuária, um dos principais é a modernização do Centro Tecnológico Agropecuário do Estado da Bahia (Cetab). A soma é de R$ 9 milhões, através de convênio com o Ministério da Ciência e Tecnologia e contrapartida do governo estadual.
Ainda de acordo com o secretário, um programa que já existia será ampliado na região do Vale do São Francisco, com a perspectiva de envolver cerca de R$ 3 milhões para combater a mosca da fruta, com envolvimento da Seagri, Sebrae, Faeb e a empresa de pesquisa e tecnologia Moscamed.
Bandeira citou ainda o empenho do estado para reduzir o ICMS do milho de 12% para 2% nas transações interestaduais, considerando que é responsável por 70% a 80% da composição da ração animal “A medida beneficia toda a cadeia produtiva do milho, com perspectiva de aumento de área para a próxima safra”, asseverou.
Emprego e renda
O otimismo se revela em novas regiões que surgem com a irrigação e outras técnicas, bem com melhorias em atividades já existentes com a verticalização crescente com agroindústrias que agregam valor à produção estadual, geram emprego, renda e ajudam a fixar as famílias no campo.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, as chuvas bastante regulares e bem distribuídas no estado renderam boas colheitas para as produções em grande escala e foram também decisivas nas lavouras de subsistência e para abastecer as próprias regiões com feijão, milho, mandioca, entre outros alimentos.
Sobre novos investimentos ele citou como principais grandes projetos o incremento da fruticultura no oeste, “onde também temos a intensificação atividade pecuária como fontes de transformação das proteínas vegetais em carnes, agregando valor à produção”.
“Na Chapada Diamantina, temos o exemplo das frutas vermelhas, gerando muitos empregos em pequenas propriedades”, disse, acrescentando a produção de uvas e de vinho em Morro do Chapéu e Mucugê.
Com a proposta de irrigar 59 mil hectares com água do rio São Francisco, “o Baixio de Irecê, depois de totalmente instalado, será o maior projeto de irrigação da América Latina”, afirmou Miranda, lembrando que este projeto implantado pelo governo federal a partir do final da década de 1990, ficou engavetado por cerca de 50 anos.
O Baixio fica na margem direita do Velho Chico, nos municípios de Itaguaçu da Bahia e Xique-Xique. Na outra margem, municípios de Barra e Muquém do São Francisco, já existe um polo agroindustrial em implementação. “Esta região, englobando as duas margens, será o novo eldorado da agricultura brasileira. Não tenho dúvidas” enfatizou.
Entretanto, para ele, ainda faltam algumas questões estruturais e estruturantes para potencializar ainda mais a capacidade produtiva estadual, como a necessidade de energia elétrica para determinadas regiões em quantidade que suporte a chegada de novos empreendimentos.
Também apontou a relevância da conectividade para todos os baianos, notadamente moradores da zona rural porque gera oportunidades de educação, saúde, assistência técnica, empregos e qualidade de vida.
Moinho de trigo
Secretário de Agricultura de Luís Eduardo Magalhães (LEM), Kenni Hencke chamou a atenção para as mudanças de cenário, “com novos empreendimentos que estão chegando para agregar e trazer o que há de mais moderno no agronegócio nacional e até mundial”.
Ele salientou entre as principais novidades o primeiro moinho de trigo do oeste baiano já em funcionamento no município e lembrou que a área plantada com o cereal na entressafra é de 12 mil hectares. “Abastecerá, além do moinho Mercosul, outras empresas fora do estado”, asseverou.
A produção em grande escala de milho, soja e outros ingredientes usados para ração animal é um atrativo para empresas focadas na produção pecuária. Neste aspecto a região oeste tem grandes empreendimentos em funcionamento para produção de ovos e aves para abate.
A suinocultura, que já tem criatórios de menor porte, está se consolidando com a chegada de dois empreendimentos do ramo no município de LEM. “Com alta tecnologia americana o grupo Carroll prospecta 10 mil matrizes”, revelou Hencke.
A outra iniciativa é das empresas Confrigo e Frigosol, de Vitória da Conquista, “que chegam juntas no oeste e preveem produção inicial de 2 mil matrizes para abastecer o consumo regional”, disse animado com os novos investimentos.
Para o secretário, a melhoria genética dos rebanhos bovinos “é outro fator relevante do agronegócio, com crescimento exponencial da atividade no município”.
Com a recente adesão do frigorífico (Frilem) ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SisbPoa), o setor vislumbra para breve a comercialização “da nossa carne bovina para toda extensão do território brasileiro”, comemorou.