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Turismo rural: Produção de cacau e chocolate aquece no Verão

Está prevista a ancoragem de 37 navios de cruzeiro no Porto de Ilhéus, consolidando tendência de alta

Visitantes podem adquirir os chocolates Yrerê na própria fazenda – Foto: Divulgação / Fazenda Yrerê

Conhecer as fazendas bicentenárias com lavouras de cacau plantadas no sistema cabruca – que consorcia Mata Atlântica e cacaueiros -, bem como o processo de tratamento das amêndoas e a produção do chocolate, entre outros derivados, faz  parte do roteiro dos passeios dos visitantes às propriedades rurais no Sul da Bahia.

As experiências sensoriais são atrativos fortes na região, pois, além das paisagens exuberantes da floresta tropical, a degustação de variados produtos originados da fruta – como sucos, geleias, nibs, licores, cervejas, mel de cacau e chocolates – encantam muito os visitantes.

Para o Verão 2023/24, a previsão de ancoragem é de 37 navios de cruzeiro no Porto de Ilhéus. Também é esperada uma grande procura pelos roteiros dos espaços históricos do cacau dos visitantes que chegam por outros meios de transporte.

O turismo rural é uma tendência crescente desenvolvida  na nova etapa da cacauicultura na região (depois da vassoura-de-bruxa), com variedades resistentes e compromisso ambiental e social, acrescentando renda nos empreendimentos e gerando empregos qualificados na lavoura, agroindústria e turismo.

Nesse contexto, a Fazenda Santa Ana, a 12 km de Itacaré, via BA-654, oferece ainda os cenários de trilhas e cachoeiras, bem como o Rio de Contas, que permite o acesso também pela via fluvial. Os atuais donos tocam a fazenda há 36 anos e há dez recebem turistas.

“Nós temos estrutura de produção orgânica de cacau, leite e açaí, mas temos um limite de dez pessoas por dia, para não quebrar a harmonia da natureza com o homem”, pontuou o proprietário, Edgar Morbeck. Com a esposa Ana Maria, ele recebe os grupos previamente agendados.

A fazenda está ampliando a estrutura para produzir os chocolates da marca Morbeck, dentro do modelo ‘tree to bar’, que significa ‘da árvore à barra de chocolate’, passando por todas as etapas dentro da propriedade. Tem também um pequeno laticínio para produção de manteiga e iogurte.

Os visitantes, em sua maioria, são estrangeiros ou pessoas de outros estados, que fazem as reservas diretamente com a fazenda através dos hotéis e pousadas ou por intermédio da loja física da marca. Também é possível comprar produtos através do portal.  

Da mesma forma, os chocolates da Fazenda Yrerê podem ser adquiridos por meio virtual, nas lojas físicas na região e na propriedade, situada às margens do rio Cachoeira, a 11 km da cidade de Ilhéus, pela rodovia Jorge Amado, com fácil acesso de coletivo.

A propriedade restringe o acesso a duas turmas por dia, e todo movimento é monitorado. Através de parceria com uma universidade, é avaliado o impacto e assegurada a sustentabilidade ambiental.

“A nossa fauna tem hábitos noturnos e frequenta os mesmos ambientes dos turistas, em horários diferentes”, afirmou Gerson Marques, citando que o turismo agrega renda e reforça orçamento da propriedade, que se baseia ainda na comercialização dos chocolates especiais e amêndoas finas. Há 28 anos, ele adquiriu a fazenda e há 14, pratica o turismo rural.

“Este ano começou muito bem, mas tivemos altos e baixos. No segundo semestre, tivemos uma queda no turismo, como reflexo das questões da aviação”, ponderou, acrescentando que o alto preço das passagens aéreas atrapalha o crescimento do turismo na região.

Rota de experiências

Entre Uruçuca e Ilhéus, a Estrada do Chocolate (BA-262), primeira rota temática da Costa do Cacau, conta atualmente com 11 empreendimentos em operação, com oferta também de hospedagem em diferentes estilos, distribuídos em 44 km.

“O turismo rural está em franco crescimento na região”, garante o consultor da Eixo 4, Vilomar Simões Ramos Sobrinho. A empresa é credenciada pelo Sebrae e atua na formatação e implantação do projeto dentro do Programa de Destinos Turísticos Inteligentes (DTI), do Sebrae Nacional.

A iniciativa, que começou a ser discutida há cerca de dez anos, tem como parceiros a Secretaria de Turismo da Bahia, as respectivas prefeituras e os empreendedores, além de instituições de pesquisa e financiamento.

Entre as ações já desenvolvidas estão estudos e planos individuais de cada lugar, bem como atividades que abrangem o coletivo, a exemplo de qualificação dos atores envolvidos no processo.

De acordo com Sobrinho, o projeto ainda está em implantação, com metas e ações programadas para 2024. “Não estamos no estágio final, com rotas consolidadas a exemplo de Gramado”,  disse, ressaltando que, com a participação ativa e crescente dos empreendimentos privados e órgãos governamentais, o resultado está sendo positivo e tende a continuar.

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