A cepa foi identificada pela Sesab nos municípios de Feira de Santana e em Camaçari
É preciso se cuidar e seguir as orientações médicas, porque as doenças estão retornando mais agressivas. Além da luta pela erradicação do coronavírus que praticamente paralisou a rotina das vidas das pessoas pelo mundo, ressurge a varíola dos macacos e agora uma nova Cepa da Dengue no Brasil. O Laboratório Central da Bahia (Lacen-BA) identificou, na última quinta-feira (08), o sorotipo 2 (DENV-2) pertencente ao genótipo II – cosmopolita. A cepa foi identificada em oito amostras nos municípios de Feira de Santana (6), a cerca de 120 quilômetros de Salvador, e em Camaçari (2), na região metropolitana.
Após a identificação feita pelo Lacen-BA, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) emitiu um alerta para os núcleos regionais de saúde e para as secretarias municipais sobre a importância da detecção precoce de sinais e sintomas da dengue. Conforme o alerta da Sesab, este genótipo é o mais disseminado no mundo. No entanto, ainda não há dados suficientes para associá-lo à maior transmissão e gravidade dos casos. Entre as recomendações feitas pela secretaria estão: atualizar e executar os planos municipais de contingência das arboviroses; mobilizar e orientar a população sobre a situação epidemiológica local e as estratégias de prevenção e controle da dengue; desenvolver ações de rotina no combate ao mosquito Aedes aegypti, como forma de conter a disseminação do vírus; atualizar profissionais de saúde em todos os níveis de atenção da rede pública e privada sobre os sinais e sintomas da doença, diagnóstico, diagnóstico diferencial e manejo clínico adequado.
O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, que é médico, disse: “É como se fosse a Ômicron para a Covid-19. Não temos ideia ainda dessa variante genômica, da gravidade que ela pode provocar, se situações como hemorragias nasais, da boca e internas, que os casos graves de dengue podem provocar. E não sabemos ainda se esses casos vão evoluir para isso, mas quando se tem uma mudança de genoma, significa que esse vírus pode provocar qualquer situação mais difícil. “O vírus sofreu uma mutação e alguma coisa ele pode provocar de mais grave. Estamos fazendo a investigação”.
A Sesab se reuniu com as equipes do Núcleo Regional de Educação (NRE), da Vigilância Epidemiológica, outros departamentos da secretaria de saúde, além dos agentes de endemias, para que possa ser feito um combate mais forte e de identificação de pessoas que já contraíram a doença em Feira.
As orientações de controle do novo vetor da dengue são as mesmas das já conhecidas como evitar água acumulada em recipientes como cocos abertos, vasilhames, baldes, pneus jogados nos pátios e ruas, tampinhas e garrafas plásticas. Essas são as recomendações da SESAB, para que as pessoas ajudem no controle para evitar a disseminação.
Segundo a Fiocruz, essa nova linhagem da dengue foi detectada pela primeira vez no Brasil em um homem de Aparecida de Goiânia (GO) por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO), em fevereiro. Existem relatos também em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Além do Brasil, na América do sul o Peru também tem registro da doença, onde houve um surto deste subtipo em 2019. Atualmente predomina no Brasil o vírus da dengue conhecido como genótipo 3 do sorotipo 2, ou genótipo asiático-americano. “O vírus da dengue (DENV) é um arbovírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e tem quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles pode se dividir em diferentes linhagens ou genótipos por causa das variações genéticas sofridas. A linhagem encontrada no Brasil é uma das seis do sorotipo 2 da dengue”.
A Coordenadora de Doenças de Transmissão Vetorial da SESAB, Sandra Oliveira, disse à Tribuna da Bahia que apesar da nova cepa estar disseminada no mundo: “não podemos associá-la a maior transmissão e gravidade. Os casos identificados estão em investigação para averiguação se os sintomas apresentados tiveram alguma alteração nas apresentações das sintomatologias das pessoas acometidas ou não. Entretanto, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica – DIVEP/SUVISA/SESAB, mantém atenção/alerta no momento, onde, a intensificação das medidas de controle vetorial é de grande importância para todos”.