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Em caminhada, manifestantes pedem segurança aos povos indígenas em Santa Cruz Cabrália

Protesto ocorre após morte do adolescente Gustavo Conceição Silva em uma das aldeias da TI Comexatiba

Polícia Federal (PF) confirmou que foi instaurado um inquérito policial para apurar a morte de jovem – Foto: Reprodução

Uma caminhada de protesto em Santa Cruz Cabrália na quinta-feira, 8, reuniu principalmente as famílias da Terra Indígena Coroa Vermelha, na divisa com Porto Seguro, cobrando segurança aos povos originários e celeridade na titulação definitiva das terras dos descendentes de indígenas no Brasil.

Eles manifestaram apoio aos moradores da Terra Indígena Comexatiba, em Prado, que na véspera ergueram uma cruz e homenagearam o adolescente Gustavo Conceição Silva, 14 anos, no local em que foi morto em um ataque de homens armados na madrugada de domingo, 4.

O crime aconteceu em uma das aldeias da TI Comexatiba, a área da comunidade tradicional Vale do Kaí, que teve seu Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena (RCID) publicado em 2015 pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Entretanto, o processo não avançou como a grande maioria das ações em andamento na Bahia e no Brasil, aumentando pelo sexto ano consecutivo o número de ataques às aldeias em diferentes estados, de acordo com o relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – produzidos com dados oficiais de 2021, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Em 2021, o Cimi registrou crescimento de 15 para 19 categorias de violência sistematizada em comparação com o ano anterior. Ainda de acordo com o levantamento, no ano passado foram registrados 176 assassinatos de indígenas. O número representa seis casos a menos que 2020, ano que somou o maior número de homicídios desde 2014, quando saiu o primeiro relatório.

“Estamos atentos, cobrando uma ação enérgica por parte do governo”, afirmou o jornalista, representante da Bahia no conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Fábio Costa Pinto, anunciando que a instituição está levando o problema também para a ONU, OEA e outras organizações que defendem os direitos humanos no mundo.

Além de pedir mais segurança e apuração dos sucessivos ataques e ameaças à população indígena, a ABI também pediu a inclusão de cinco ativistas e lideranças no Programa estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH).

“Na Bahia mais de 60 lideranças indígenas e de apoio que estão sob ameaça de morte já participam do Programa de Proteção”, afirmou o superintendente de Direitos Humanos da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), Jones Carvalho, destacando que estes cinco indicados agora também estão entrando no programa.

Ele ressaltou que o governo do estado montou uma força tarefa integrada por representantes de diversas secretarias e outros departamentos do estado, e que além de agir na investigação dos crimes, está atuando emergencialmente diante das denúncias dos grupos indígenas e organizações de apoio.

Também a Polícia Federal (PF) confirmou que foi instaurado um inquérito policial para apurar a morte e os demais ataques que vem se intensificando nos últimos meses. À frente das investigações está a equipe da Delegacia da PF em Porto Seguro.

Sobre a segurança na região dos conflitos, solicitada à PF pelas lideranças, o órgão não respondeu à reportagem. A FUNAI, embora tenha acusado o recebimento da demanda encaminhada pela apuração, não retornou com informações até o fechamento da matéria.

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