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Pataxós relatam ataques a duas comunidades no Extremo Sul

Aldeia Nova e Aldeia Pé do Monte, no território de Barra Velha, estariam sofrendo ataques de milícias armadas, espalhando medo e revolta entre os habitantes originários. Demarcação territorial é ainda mais urgente

O feriado desta quarta-feira (7) foi marcado pela angústia e desespero para a comunidade pataxó que vive na terra indígena de Barra Velha, situada na cidade de Prado (a 710 km de Salvador). Durante a madrugada, os moradores do território relataram a chegada de milícias armadas que estariam fazendo ameaças e atirando em direção às residências dos pataxós. Diante do cenário de ataque, os indígenas tentavam avisar o que acontecia nas aldeias Nova e Pé do Monte através de grupos de mensagens, pedindo socorro e apoio policial. Os áudios foram divulgados pelo comunicador Tukumã Pataxó, do portal Mídia Índia. “Agora mesmo, tô tentando me esconder. Eu não sei o que está acontecendo,me disseram que são (pistoleiros) fortemente armados chegando aqui na comunidade”, disse um morador.

Em outros relatos de indígenas presentes durante os ataques às duas aldeias, houve arrombamentos de residências e agressões. “Eles entraram aqui, invadiram, arrombaram a minha casa. não sei se eles vão atear fogo”, contou uma indígena logo após a invasão, notavelmente apavorada. O medo se tornou ainda mais presente por conta da quantidade de crianças residentes no território Barra Velha, que entraram em desespero diante do barulho dos disparos. “Estamos cercados de pistoleiros, estãoatirando no fundo da minha casa, e aqui em cima na ponte. E eles estão aqui atirando. Nos ajudem aí, pelo amor de Deus.Se vocês estiverem vendo isso, chamem a Polícia para nos ajudar, pelo amor de Deus, tem muita criança aqui na aldeia”, implorou uma moradora da Aldeia Nova.

As comunidades teriam, ainda, sido avisadas do atentado através de uma mensagem de voz: “A gente vai descer com o nosso arrastão e colocar só de fuzil no peito desses v… desses índios. Separar só as crianças. O que é de homem, vai cair tudo na bala. Já que os ‘polícia’ não querem resolver, a gente vai resolver do nosso jeito”, teria dito um dos pistoleiros. Trinta e oito famílias vivem no Território Indígena Barra Velha, e nenhum integrante da comunidade se feriu. De acordo com lideranças das aldeias, esse atentado aconteceu por conta da disputa de terras e teria ligação com o assassinato de Gustavo Conceição da Silva, um indígena Pataxó de 14 anos que morreu após levar tiros na região de Corumbau, em Porto Seguro. O crime aconteceu na madrugada do último domingo (04). Até o momento, a Polícia Militar não se pronunciou em relação aos ataques. Por sua vez, a Polícia Civil disse em nota que não houve denúncia do atentado na delegacia de Prado, responsável pela área onde o território se situa.

Demarcação

A Fundação Nacional do Índio (Funai) reconhece o Território Indígena Barra Velha, assim como o Comexatibá, também no município de Prado. O Movimento Indígena da Bahia (MIBA) pediu que o Ministério Público apure os ataques ocorridos em Prado e às aldeias envolvidas neste feriado, e já enviou todos os documentos necessários para a demarcação do território, que foi pedida em caráter de urgência justamente pelos conflitos recorrentes que atingem as comunidades originárias. O presidente da República precisa assinar a carta declaratória para concretizar a homologação.

Fonte: Tribuna da Bahia

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