Servidores do chamado carreirão estão sem reajuste desde 2017. Categoria deve se unir a grupos da Receita Federal, Fazenda e da elite do funcionalismo para um grande movimento
Lideranças do chamado “carreirão” do funcionalismo público articulam com a base para se unir a servidores como da Receita Federal e integrantes da elite das carreiras públicas para uma grande paralisação ainda no começo de 2022. Uma reunião emergencial foi realizada nesta quarta-feira (29/12) para debater direcionamentos sobre o que pode ser feito no começo de 2022 para tentar reverter a situação.
O objetivo é negociar com integrantes da categoria que formam a base do funcionalismo público, cerca de 80%, e que recebem os menores salários dentro do serviço público federal. Sem reajuste desde 2017 e com inflação acumulada de 27,2% de lá para cá o sentimento geral entre os funcionários do do carreirão é de indignação, segundo apurado pelo Correio.
De acordo com Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), a partir desta quinta-feira (30/12) o grupo vai iniciar uma intensa negociação com o grupo de servidores. Na primeira semana de janeiro, haverá uma assembleia e o intuito é que, no próximo dia 14 de janeiro, já se organize uma mobilização da categoria.
“A ação que estamos tentando desenvolver é transformar isso em uma mobilização geral, como fizemos com a PEC 32. Com relação à LOA (Lei de Diretrizes Orçamentárias), nós vamos tentar fazer um movimento no mês de janeiro. Nós vamos tentar envolver todo o conjunto de funcionalismo. Não é possível que 97% do funcionalismo seja jogado ao relento e acharem isso normal. A possibilidade de a gente extrair alguma coisa para 2022 é um processo de mobilização”, afirma.
Ronaldo ainda criticou declarações do ministro Paulo Guedes, da Economia, a respeito dos funcionários públicos. Segundo o líder do Condsef, o chefe da economia culpa a categoria por fracassos em sua gestão econômica.
“Desde janeiro de 2019 a gente tenta negociar com o governo, mas só recebemos silêncio e hostilização. O Paulo Guedes usa adjetivos pejorativos contra nós, diz que o servidor pode quebrar o estado e até comparou com as vítimas de Brumadinho. Nem respeito às vítimas se tem. Ele ainda chama o servidor de parasita. O servidor não é inimigo do Estado ou do povo, mas sim a solução para o país”, defendeu.
Em mensagens com colegas da sua equipe econômica, o ministro comparou o reajuste aos servidores à tragédia de Brumadinho. “Temos que ficar firmes. Sem isso, é Brumadinho: vazamentos pequenos e sucessivos até explodir a barragem e morrerem todos na lama”.
A decisão do governo federal não desagradou apenas a base, mas também a membros da elite dos funcionários públicos. O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) publicou, também nesta quarta-feira (29), um calendário com previsões de paralisações e decisão sobre eventual greve. Segundo o presidente da Fonacate, Rudinei Marques, caso nada seja feito pelo governo, a tendência é que uma greve seja iniciada já em fevereiro.
“Se o governo não oferecer resposta até dia 14 de janeiro, nós teremos na semana subsequente nós teremos dois dias de paralisação. Isso pode caminhar para uma greve que será discutida a partir da primeira semana de fevereiro. O calendário está todo definido”, disse.
Ele explica ainda que há uma diálogo com outras categorias, e que possivelmente, haverá convergência de diversas categorias do funcionalismo ao calendário de mobilização. “Cinco das entidades que compõem o fórum também integram o fonasef e é permanente o diálogo. É possível que haja convergência de força nesse calendário de mobilização, mas a princípio cada categoria está fazendo sua parte separada para depois tentarmos unir em um grande movimento”, concluiu.
Fonte: Correio Braziliense