Lutador capixaba, que teve passagem pelo UFC, revela que até seu filho Carlos, de apenas cinco meses, teve sintomas do coronavírus, mas todos estão respondendo bem ao tratamento.
A pandemia do Covid-19, que até às 12h deste domingo tem 10.568 casos registrados no Brasil, além de 455 mortes, segundo dados das secretarias estaduais de Saúde, ameaçou a família do lutador Erick Silva. O atleta de 35 anos foi contaminado pelo novo coronavírus junto com sua esposa Isabela, 23, seus filhos Carlos, de apenas cinco meses, e Kalleu, de 10 anos, além de sua cunhada Carol, 26, e seus sogros Arilton, 58, e Jô, 52. Todos, entretanto, já estão se recuperando bem e seguem de quarentena na casa dos pais de Isabela, no Rio de Janeiro.
– Todos estão muito bem. A preocupação maior é a falta de informação, a ansiedade. Agora está todo mundo mais tranquilo. Até pedimos para as pessoas que trabalham na casa não virem, ficamos duas semanas entre a gente para isso passar. Seguimos as recomendações dos médicos – contou Erick, ao Combate.com.
Foi justamente Carlos, de cinco meses, quem sofreu os primeiros sintomas. Apesar da preocupação, ele rapidamente se recuperou do Covid-19. A outra criança da casa, Khalleu, não teve qualquer sinal da doença.
– O primeiro a dar o alerta foi o Carlos. Teve estado febril de 37,7 graus, mas acabamos dando remédio para ele, Tylenol Baby, falamos com o pediatra dele, e o Carlos parou na hora. Quem foi assintomático foi o Kalleu, meu filho de 10 anos. Não teve nenhum sintoma, está pulando, tranquilo, nem preocupação ele teve. Depois do estado febril do Carlos, a única coisa que apresentou foi uma diarreia, mas ficou mais tranquilo. Ficamos na agonia de querer saber, até então preferimos ficar um pouco mais quietos, isolados, para a gente entender o que estava acontecendo e não criar tanto alarde.
Depois disso, toda a família de Isabela Cabral, esposa de Erick, teve sintomas do Covid-19, a começar pela própria Isabela.
– A família inteira pegou, estou na casa dos pais da minha esposa e todos nós tivemos os sintomas. O interessante é que temos pessoas de todas as idades, desde meu bebê de 5 meses, um filho de 10 anos, aí tem pessoas com 23 anos, 26, 35, 52, 58… Foram quase todas as idades e todos tivemos os mesmos sintomas, mas o problema maior é que, no começo, quando começamos a sentir os primeiros sintomas, a gente não sabia o que era. Começou com a minha esposa. No primeiro dia que ela sentiu, teve bastante dor de cabeça, calafrio, e a gente não se ligou. No começo ninguém se liga. Achamos que era alguma alergia, ela não sentia cheiro e gosto de nada. Depois foi minha sogra, ela também parou de sentir gosto, depois fui eu. Depois foi todo mundo tendo os mesmos sintomas, minha cunhada, meu sogro, os mesmos sintomas para todos.
Conforme a preocupação cresceu e os sintomas apareceram, a família procurou um médico e os exames constaram que estavam com o Covid-19. A ausência de paladar e olfato foi comum em todos na casa, além de cansaço, dores de cabeça e no corpo. Como não houve nenhum caso de extrema falta de ar ou febre, a orientação foi apenas de isolamento social e, caso alguém apresentasse piora, fosse para o hospital, mas todos estão respondendo bem à quarentena. Erick e sua cunhada, Carol, chegaram a ter princípio de falta de ar. Ele, por um dia, e ela por três dias, mas ambos já apresentaram evolução no quadro.
– A gente tem um amigo que é médico, ele acabou fazendo com que a gente fizesse os exames, mesmo assim pediu para ficarmos em casa para os dias passarem. Todo mundo aqui fez, acabou que constou (o Covid-19) e, por recomendações médicas, ficamos em casa mesmo, isolados de todo mundo, na quarentena. O risco maior era o meu sogro, por ser hipertenso. A preocupação maior dos médicos e da família foi em relação ao meu sogro e sogra pelo que escutamos falar na mídia. O que mais preocupou foi a falta de informação no começo. Fiquei desesperado porque nunca tinha acontecido comigo. Quando faltou o paladar de todo mundo da família, eu gosto de cozinhar, não conseguia diferenciar curry do açafrão, isso nunca aconteceu comigo. Foi com todos ao mesmo tempo, foi muito estranho. Eu e minha cunhada, Carol, de todos aqui fomos os que mostramos uma coisa mais grave, com falta de ar. No restante não, foi só falta de paladar e olfato, depois das dores. O início de todos foi com cansaço e dor no corpo, dois, três dias de dor de cabeça, dor no olho. Quando todo mundo perdeu o paladar, começamos a nos ligar. Isso foi depois de quatro dias dos primeiros sintomas – afirmou.
Com todos sem paladar e olfato, houve tempo para uma brincadeira para comprovar que eles não estavam sentindo o gosto de nada.
– Fizemos um teste vendando os olhos de todo mundo aqui. Fizemos a brincadeira com meu sogro, vendamos ele, botamos um copo de refrigerante, um de vinho e um de achocolatado. Ele, de olho vendado, não acertou nada. O refrigerante ele achou que fosse água tônica por causa do gás. O vinho achou que fosse vinagre, sentiu um gosto forte. E o achocolatado achou que fosse iogurte. Vimos que ninguém acertou nada. Minha esposa fiz com mostarda e maionese, também não acertou. A gente fica na preocupação, mas quer tranquilizar o pessoal também. Como a gente no começo queria informações e não achava, fiquei pesquisando quem melhorou, pessoas com os mesmos sintomas que a gente, em quanto tempo se recuperava e não achava nada. Sei que era uma coisa nova. Como creio que nestas duas semanas teremos mais informações, vai começar a finalizar o período de sintomas destas pessoas. Quero poder ajudar outras pessoas a buscar informações também – disse Erick.
Os primeiros sintomas apresentados por Isabela foram há 12 dias, e ela segue sem paladar e olfato, mas já se sente melhor, enquanto Erick, que começou a sentir os sinais da doença há 10 dias, já está assintomático. O lutador aproveitou para lembrar que em fevereiro viajou para os Estados Unidos para acompanhar seu irmão, Gabriel Silva, em uma luta no UFC, mas que tanto ele, quanto a família não apresentaram nenhum sinal de Covid-19.
– Decidimos dar a entrevista para tranquilizar todo mundo. A gente sabe que a doença existe e, enquanto não acontece com a gente, a gente não abre os olhos, acha que está longe. A gente não esperava pegar. Todo mundo sabe que fui para a luta com meu irmão em Virginia (EUA), voltei de viagem com ele, fui para o Espírito Santo, fiquei com a minha família e vim de carro com o Gabriel por 10 horas. Quando chegamos no Rio, vim para a casa da minha família, e o Gabriel foi para a casa da família da esposa dele. Ele não apresentou nenhum sintoma, nem minha família no Espírito Santo. A primeira a apresentar foi a minha esposa, que não estava saindo. Quando pegou, pegou todo mundo junto, ao mesmo tempo, mesmos sintomas. Meu irmão não apresentou nada até agora. Não posso afirmar com certeza, mas como ele e minha família não apresentaram, creio que se peguei foi depois que não estive mais com o Gabriel ou então todos eles estão assintomáticos – concluiu.