Em almoço com caminhoneiros nesta sexta-feira (31), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) os incentivou a darem entrada no pedido de porte de arma de fogo e afirmou que, quem tiver armamento, deve usá-lo.
“Quanto mais arma, mais segurança. Se tiver arma de fogo é para usar”, disse após ouvir relatos sobre falta de infraestrutura nas estradas do país, o que, segundo os caminhoneiros se traduz por falta de policiamento e vias esburacadas.
O encontro não estava previsto na agenda do presidente. Segundo sua assessoria, ele decidiu parar em Anápolis, que liga Goiânia (aonde se encontrou com representantes de igreja evangélica) e Brasília, de última hora.
Sua fala sobre o porte ocorreu no momento em que um dos caminhoneiros contava sobre uma estrada que piorou tanto a ponto de “matar um” ou “destruir o caminhão”. Depois de ouvir o relato em silêncio, Bolsonaro interrompeu o almoço para dizer: “Pergunta difícil. Porte de armas, a maioria apoia?”
Em resposta, três dos presentes levantaram o braço e aos poucos, após insistência do presidente no tema, outros foram se dizendo adeptos.
“No decreto, eu acabei com comprovar a efetiva necessidade. Por enquanto está um pouco caro aí, mas a gente vai diminuir isso aí. Mas já abriu as portas, dá entrada. Tem um tempo de dois ou três meses que eu botei no decreto para conceder o porte”, disse para um dos homens que demonstrou interesse por se armar.
No início do mês de maio, Bolsonaro editou um decreto — o segundo desde que assumiu a Presidência — que flexibiliza o acesso a armas. Neste último texto é aberta a possibilidade de porte de arma para mais casos, como a políticos, jornalistas e caminhoneiros, por exemplo.
“Eu botei lá na razão de profissão de risco”, disse Bolsonaro sobre a possibilidade de caminhoneiros poderem se enquadrar no texto.
O decreto teve de passar por alterações, depois de ser alvo de questionamentos na sociedade civil, no Legislativo e no Judiciário. Entre as modificações está um trecho que abria espaço para que civis pudessem comprar fuzis.
Os caminhoneiros não pertencem a nenhuma associação ou grupo organizado. O deslocamento foi feito por Bolsonaro e sua equipe de helicóptero e exigiu um reforço na segurança.
Ele chegou ao local acompanhado do ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) — escalado para responder as dúvidas dos caminhoneiros — do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) e do porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros.
O presidente passou a maior parte do tempo em silêncio, enquanto comia churrasco e bebia coca-cola. Coube a Tarcísio esclarecer as principais dúvidas sobre preço dos combustíveis, frete e outras dificuldades enfrentadas pela categoria.
O local escolhido para o encontro se chama “Presidente posto e churrascaria – um amigo na estrada”, onde Bolsonaro chegou por volta de 12h30 e permaneceu por 45 minutos.
Embora tenha dito que a escolha do restaurante foi “aleatória”, ao deixar o local, ele disse que sua equipe fez um levantamento sobre a presença de caminhoneiros na região.
“Foi aleatória [a ida para o restaurante]. Foi feito levantamento de ontem para hoje de onde teria mais caminhões neste horário, eu estava vindo de Goiânia e paramos aqui para conversar com os caminhoneiros”, disse.