“Passados seis fucking longos anos e acabou essa desgraça. (…) Aos meus inimigos, gostaria de dizer que acabou, estou formado e pronto para meter o famoso processinho.”
As frases acima fazem parte do convite de formatura de um estudante de Direito. O texto do convite viralizou nas redes sociais nos últimos dias. O jovem comentou a expectativa e a realidade do que foi sua vida acadêmica.
Pobre iludido era eu. Foram-se os anos e eu já estava surtando com assuntos acumulados, vários trabalhos para entregar, provas cujo único objetivo era f*** com a minha vida social e desgastar meus neurônios, sem falar na demora de colocar a nota no sistema, né?”
O presidente da OAB/PE, Ronnie Preuss Duarte, lamentou o fato: “Senti pena do jovem bacharel que, almejando apenas a riqueza, fez um curso que para ele foi tido como “desgraçado”, que via as provas como algo cujo único propósito era “foder” a sua vida social e que tinha raiva dos colegas, qualificando de “tormentoso” o simples ato de pisar na faculdade.”
Para o presidente da seccional, é triste que “a bendita prova da OAB não seja capaz de aferir a vocação dos candidatos”.
Ao jovem Lucas, se me fosse consentido, daria um conselho: não siga a advocacia. Por tudo o que li, tenho a certeza de que nela você poderá até ficar rico, mas muito dificilmente conseguirá ser feliz!”
Veja abaixo as íntegras do convite divulgada pelo estudante e a resposta do presidente da OAB/PE.
Li atentamente um convite de formatura que “viralizou” há poucos dias na internet. Fui tomado pela lembrança de um sentimento que me invadiu há exatos 21 anos, quando finalmente pude realizar um sonho de infância: colar grau no curso de direito. Recordo-me vivamente da empolgação vivenciada durante os cinco anos passados na faculdade. Lembro-me da inquietação, da ansiedade em poder, ao depois, finalmente exercer a advocacia.
Nas escolhas profissionais, jamais fui animado por perspectivas de ganhos significativos. Era motivado, apenas, pela paixão, pela nobreza do ofício e pela perspectiva de poder exercer um protagonismo na administração da justiça aos cidadãos. Lembro com saudades dos tempos universitários. Sinto falta dos amigos de outrora. Reverencio os meus mestres, levando comigo uma imorredoura gratidão pelos valiosos ensinamentos recebidos.
Encarei as renúncias ao convívio social como algo inerente à responsabilidade que deve recair sobre aqueles que, missionários da justiça, buscam uma formação técnica para defender os direitos alheios, dos cidadãos. Quanto aos exames, sempre os tive como algo absolutamente necessário à verificação da apreensão de conteúdos indispensáveis ao cabedal de um bom profissional do direito. Ao fim e ao cabo, fui tomado por um profundo sentimento de pesar pelo emissário do tal convite.
Senti pena do jovem bacharel que, almejando apenas a riqueza, fez um curso que para ele foi tido como “desgraçado”, que via as provas como algo cujo único propósito era “foder” a sua vida social e que tinha raiva dos colegas, qualificando de “tormentoso” o simples ato de pisar na faculdade. Finda a leitura do texto, lamentei profundamente que a bendita prova da OAB não seja capaz de aferir a vocação dos candidatos.
Ao jovem Lucas, se me fosse consentido, daria um conselho: não siga a advocacia. Por tudo o que li, tenho a certeza de que nela você poderá até ficar rico, mas muito dificilmente conseguirá ser feliz!
Fonte: Migalhas