Dois candidatos empossados na última seleção do IBGE serão demitidos e novos aprovados poderão ser convocados. Uma delas é esposa do líder da organização criminosa.
Novas movimentações na ‘Operação Gabarito‘ da Polícia Civil da Paraíba. Dois aprovados no concurso do IBGE ocorrido em 2015, para o cargo de Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas são também integrantes da quadrilha que fraudava seleções pelo país. Kamilla Crisostomo, segunda colocada no concurso com 56 pontos é esposa do líder da quadrilha, Flávio Borges. Já o outro candidato, Alexsandro Camilo de Sousa, que ficou em 5º lugar no certame, era o responsável pela ‘logística’ do esquema criminoso. Os dois serão exonerados dos cargos e responderão pelos crimes de fraudes a processos seletivos e concursos públicos, e organização criminosa.
De acordo com o delegado Lucas Sá, responsável pelas investigações, as novas fases da operação devem focar na identificação dos beneficiados pelo esquema e na prisão de membros da quadrilha que ainda estão soltos. “Estamos na quarta fase da operação e queremos focar também na parte administrativa. As pessoas que foram beneficiadas pelo sistema são hoje, em grande parte, servidores públicos, então estamos enviando os resultados da investigação para as instituições nas quais elas estão trabalhando. Esperamos que elas respondam a processos administrativos e sejam, por fim, demitidas”, disse.
O Ministério Público do estado opinou pela prisão apenas dos suspeitos de atuar ativamente na organização criminosa e entendeu não ser necessária a prisão dos que pagaram para passar nas provas. Estão sendo interrogados ainda na Central de Polícia de João Pessoa uma estudante de medicina, um policial, além de um fiscal de obras da Prefeitura de Santa Rita e um funcionário do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran) suspeitos de participação no esquema.
A juíza da 4ª Vara Criminal, Lua Yamaoca Mariz Maia, ressaltou que ainda não analisou o inquérito da polícia para decretar a prisão dos suspeitos que foram aprovados nos concursos. “Quando chegar poderei avaliar para dar o parecer”, observou. Foram presos 19 suspeitos de integrarem a organização criminosa na Paraíba e Rio Grande do Norte, onde duas mulheres estão em prisões domiciliares.
Segundo a Polícia Civil-PB, pelo menos 98 concursos podem ter sido fraudados pela quadrilha que atuava há 12 anos. Já são mais de 80 investigados na Operação, com 31 pessoas presas, incluindo dois irmãos que são considerados os chefes da organização. O grupo fraudou concursos em pelo menos 15 estados, aprovou mais de 500 pessoas e movimentou R$ 29 milhões nesse período.
A Polícia Federal também investiga suspeitos de participação no esquema e desencadeuou a operação Adinamia na manhã desta quarta-feira, 8 de novembro. Cerca de 90 policiais federais cumprem 36 mandados: 21 de busca e apreensão, 4 de prisão preventiva e 11 de condução coercitiva, nos estados do Ceará (Fortaleza, Juazeiro, Barbalha, Mauriti, Abaiara e Lavras da Mangabeira), Paraíba (São José de Piranhas e Cajazeiras) e Piauí (Teresina).
“Esse tipo de fraude tem uma repercussão social de longo alcance, para além da questão criminal, por fraudar o esforço de candidatos honestos que estudam e buscam legitimamente o acesso aos cursos de nível superior e cargos públicos”, informou em nota a Polícia Federal.