A acirrada polarização estabelecida no País guiou o último debate televisionado entre os candidatos a presidente da República, que foi veiculado na noite da quinta-feira, 4, pela TV Globo e reuniu Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). Por recomendação médica, Jair Bolsonaro (PSL) não participou.
Logo no início do debate, Marina Silva disse que, se permanecer a polarização, não haverá condição de governar o Brasil e pediu para que os eleitores não votem guiados por medo ou raiva, sob o risco do Brasil viver uma situação de instabilidade econômica, política e social nos próximos quatro anos.
Ciro Gomes, por sua vez, opinou que o PT não tem condições de unificar o País e livrar as pessoas da “radicalização estúpida que Bolsonaro representa”. Alckmin também atacou o PT e previu que nem PT nem Bolsonaro vão tirar o país da crise.
Ex-ministro de Temer e Lula, Meirelles lembrou que a busca por um “salvador da pátria” elegeu Fernando Collor, enquanto Guilherme Boulos lamentou a ditadura militar. “Faz 30 anos, mas a gente nunca esteve tão perto daquele período”, disse. Ditadura sempre começa com armas, com “tudo se resolve na porrada”, advertiu.
Alvaro Dias levou uma pergunta ao Lula, escrita em um papel, e disse que entregaria a Haddad.
“O senhor não respeita tempo, não respeita os adversários nem as regras do debate”, respondeu o petista, que aproveitou para se reafirmar como candidato de Lula e registrou a vontade de “reabrir” o Palácio do Planalto para todos os brasileiros, em especial, aos que mais precisam do Estado.
Marina disse que levou uma pergunta para Bolsonaro que, nas palavras dela, “amarelou”. Ciro também questionou a ausência do deputado federal e Meirelles afirmou que isso “mostra alguém que está fugindo do debate e de seu compromisso com a população”.
Reforma trabalhista
Alckmin disse que “nenhum direito foi tirado” com a reforma trabalhista e defendeu a terceirização, as privatizações e afirmou que pretende fazer reformas tributária, política e do Estado.
O candidato do Psol reagiu dizendo que ficou mais difícil encontrar um emprego com carteira assinada depois da reforma, que prometeu revogar se eleito e ainda criticou “privilégios” como o auxílio-moradia para juízes e parlamentares. Marina e Haddad também prometeram revogar a reforma trabalhista.
Corrupção
Meirelles repetiu diversas vezes que tem a “ficha limpa”, mas chegou a ser tachado de “cúmplice de corrupção” por Alvaro Dias, a quem chamou de “confuso”.
Alvaro criticou o “balcão de negócios” que teria se tornado a política bem como a corrupção que “assalta” o País e impossibilitaria o crescimento econômico e social.
Sobre o tema, Marina disse ser preciso “ter autoridade e coragem moral para combater a corrupção”.