Ainda que nem Trump, nem Biden tenham sido declarados oficialmente candidatos à Casa Branca, o que deve acontecer somente durante as convenções nacionais dos respectivos partidos, o primeiro debate desta jornada a caminho da Casa Branca terá lugar nesta quinta-feira (27), em Atlanta. Essa é a primeira vez que dois pré-candidatos se enfrentam em um debate em uma etapa tão prematura da corrida eleitoral.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Os dois candidatos mais velhos a estarem frente a frente discutindo seus planos de governo ao vivo em uma campanha pela Casa Branca esperam uma audiência histórica. O canal americano CNN é o promotor e detentor dos direitos de exclusividade sobre o evento.

Apenas em setembro espera-se que haja uma revanche entre os candidatos, em um novo debate. Por isso, há uma enorme expectativa sobre o momentum político que o encontro desta quinta poderá gerar.

Os desafios

Biden terá como principal desafio mostrar a mesma energia e assertividade apresentadas durante o discurso do State of Union de março deste ano. Os questionamentos sobre as condições de saúde do presidente, hoje com 81 anos, e a sua capacidade de conduzir o país se intensificaram após o evento que comemora a emancipação dos afro-americanos escravizados, em que Biden parecia paralisado, e também sobre sua aparente confusão durante algumas atividades do encontro do G7.

Alguns dos legisladores republicanos que apoiam Trump vêm insistindo na narrativa de que Biden poderia não aguentar os 90 minutos de duelo ao vivo em rede nacional.

Em artigo publicado esta semana no jornal The New York Times, Hillary Clinton, que já enfrentou ambos os atuais candidatos em debates de pleitos anteriores, alertou para a estratégia de Trump de levar seus adversários a situações de desconforto através de piadas e provocações.

Segundo ela, essa é a estratégia utilizada pelo magnata para evadir perguntas sobre temas polêmicos, que devem surgir novamente no debate desta noite, como sua posição sobre o aborto, se ele pretende levar a cabo os planos de cortar a ajuda a Israel e Ucrânia e se ele poderá seguir afirmando que as eleições de 2020 foram roubadas.

Além desses temas, a imigração deve ser um dos principais assuntos a serem abordados pelos pré-candidatos, já que, segundo pesquisas recentes, essa é a principal preocupação do eleitor americano.

A preparação

O presidente Joe Biden suspendeu as atividades políticas e administrativas para se retirar em Camp David no último dia 21, onde passou por uma intensa preparação. A equipe de Biden esperava que ele enfrente ataques agressivos relacionados à sua condição física e mental, ao seu histórico em questões econômicas e de imigração, e até mesmo à sua família, especialmente a recente condenação do filho, Hunter Biden, por posse de armas.

Por seu lado, Donald Trump deu continuidade à campanha antes de voltar à Flórida, onde passou dois dias em reuniões privadas como parte de seu processo de preparação.

Os aliados de Trump insistem para que ele mantenha o foco em seus planos de governo, embora esperem que ele tenha que lidar com perguntas incisivas sobre sua insistente acusação de fraude eleitoral nas eleições de 2020, seu papel na restrição dos direitos ao aborto e os processos judiciais ao que responde.