O potencial de transferência de votos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Fernando Haddad (PT) se estabilizou na última semana, depois de ter aumentado consideravelmente entre os dias 20 de agosto e 5 de setembro, segundo série de pesquisas Ibope divulgadas desde o início oficial da campanha nas eleições 2018. Nas últimas três pesquisas, o instituto perguntou aos entrevistados se, com Lula, condenado e preso na Lava Jato, fora da disputa e declarando apoio ao ex-prefeito de São Paulo, eles com certeza votariam, poderiam votar ou não votariam de jeito nenhum em Haddad.
A parcela que votaria “com certeza” no ex-prefeito está agora em 23%, apenas um ponto porcentual acima do resultado obtido na semana anterior. Antes disso, havia ocorrido uma elevação de nove pontos porcentuais, de 13% para 22%, entre 20 de agosto e 5 de setembro. Os que “poderiam votar” são 15% (eram 17% há uma semana). Os porcentuais se referem ao universo total de entrevistados pelo Ibope, não apenas aos que simpatizam com Lula. Os que não votariam em Haddad apoiado por Lula em nenhuma hipótese são a maioria absoluta do eleitorado: 54% (eram 53% no levantamento anterior). A rejeição ao ex-prefeito sobe quanto maior é a renda e a escolaridade dos entrevistados.
No segmento com curso superior, é de 63%, e chega a 73% entre os que recebem mais de cinco salários mínimos. Na região Sudeste, seis em cada dez eleitores rejeitam a possibilidade de votar no petista. Já no Nordeste, Haddad tem alto potencial de crescimento: lá, 38% do eleitorado declara intenção de votar nele “com certeza” quando é citado como o candidato de Lula.
Se o potencial de transferência de votos se concretizar, os adversários que mais terão a perder serão Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB). Aproximadamente metade do eleitorado dos três é formada por pessoas que admitem seguir a orientação de Lula e votar em Haddad. Já entre os admiradores de Jair Bolsonaro (PSL) a chance de migração é mínima: 88% afirmam que não votariam no petista de jeito nenhum.
O Ibope fez a pergunta sobre a potencial de Haddad com o apoio de Lula porque, desde o início oficial da campanha eleitoral, as chances de o ex-presidente poder de fato se candidatar eram nulas. A lei da Ficha Limpa impede que condenados em segunda instância concorram a cargos públicos. Lula foi condenado em duas instâncias e está preso por corrupção e lavagem de dinheiro desde o dia 7 de abril. O Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o registro da candidatura do ex-presidente na madrugada do dia 1o, e deu um prazo para a substituição. Nesta terça, Haddad foi oficializado como novo titular da chapa petista.