Os contratos futuros de cacau dispararam acima da marca inédita de US$ 10.000 por tonelada, estendendo um rali histórico que já viu os preços dobrarem este ano e que está elevando o custo do chocolate.
O mercado é abalado por colheitas fracas em importantes países produtores da África Ocidental, o que colocou o mundo no caminho de um terceiro déficit anual consecutivo no fornecimento.
A indústria lida com o legado de retornos baixos pagos aos agricultores de cacau, e os temores aumentam sobre a capacidade de obter quantidade suficiente de grãos.
Além das preocupações com suprimentos físicos escassos, as pressões também se acumulam no mercado financeiro, e alguns traders venderam contratos futuros para proteger posições físicas.
Mas enquanto aguardam o vencimento dos contratos, eles precisam de dinheiro para atender chamadas de margem por perdas em derivativos, e em um mercado em alta podem ser forçados a liquidar posições vendidas, ajudando a alimentar o rali.
Os futuros subiram até 4,5% para US$ 10.080 em Nova York nesta terça-feira (26) — um nível que parecia inimaginável apenas alguns meses atrás.
O rali levou um indicador técnico de preços a território de sobrecompra na maior parte dos últimos dois meses, embora o cacau continue a subir.
“Quando estamos nesse preço, é difícil dizer se esses preços são justificados”, disse Paul Joules, analista do Rabobank em Londres. “Sempre que temos uma queda no mercado, parece subir imediatamente de volta, o que tem mais a ver com os comerciais, eles têm sido compradores líquidos.”
O avanço do cacau é uma má notícia para os consumidores se os fabricantes continuarem repassando custos ou venderem barras menores ou com menos chocolate.
O feriado da Páscoa é um período de pico para o consumo de chocolate, e o intervalo entre os mercados de commodities e varejo significa que o peso do impacto para os compradores ainda está por vir.
Há o risco de que a situação de abastecimento possa piorar. Regras da União Europeia (UE), destinadas a impedir a venda de produtos que destroem florestas nas lojas, podem tornar ainda mais difícil para os fabricantes de chocolate do bloco garantir suprimentos.
Nova colheita
O foco agora está voltado para a próxima safra intermediária da África Ocidental, a menor das duas colheitas anuais. O regulador do maior produtor, a Costa do Marfim, espera que encolha nesta temporada, informou a Bloomberg.
“A situação de abastecimento da África Ocidental continua extremamente apertada no início da safra intermediária na próxima semana, e isso continua a sustentar os preços do cacau”, disse The Hightower Report em uma nota.
Outros produtores, como Brasil e Equador, estão buscando aumentar a produção, mas leva alguns anos antes que árvores de cacau recém-plantadas produzam grãos — atrasando o alívio para os abastecimentos globais tensos.
A relação entre estoques e moagem cairá para o menor nível em mais de quatro décadas nesta temporada, previu a Organização Internacional do Cacau, refletindo a posição precária do mercado.
O cacau subiu 3,5% para US$ 9.991 em Nova York na terça. Em outros mercados de commodities suaves, o açúcar bruto subiu 1% e o café arábica subiu ligeiramente.
Em Londres, os futuros de cacau mais ativos também mais que dobraram este ano.
Fonte: bloomberglinea