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Rui evita falar de política na lavagem, mas pede ajuda a Senhor do Bonfim

Governador rogou por “saúde e energia para continuar trabalhando para o povo”

Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Em busca da reeleição, o governador Rui Costa (PT) participou da Lavagem do Bonfim, nesta quinta-feira (11), e, mesmo em ano eleitoral, evitou falar sobre  sucessão (ou permanência) durante o cortejo, termômetro de popularidade para a classe política.

Enquanto aliados e caciques dos partidos da base discutiam a composição da chapa majoritária, Rui se limitou a revelar seus pedidos ao Senhor do Bonfim, durante a tradicional lavagem.

“Meu pedido para o Senhor do Bonfim é muita saúde, energia e serenidade para a gente continuar trabalhando para o povo da Bahia. Que o Senhor do Bonfim abençoe a todos os baianos”, disse ao CORREIO.

A marcha entre as basílicas de Conceição da Praia e da Igreja do Bonfim foi marcada por momentos de aplausos, vaias, gritos de ‘Rui correria’ e coros de ‘vai dar PT’. Apesar da recusa em falar sobre política, o governador beijou crianças, abraçou idosos e foi atencioso com a população, acolhendo aos pedidos de selfies.

Ainda no início do cortejo, Rui criticou quem usa o dia destinado ao Senhor do Bonfim como vitrine política. “Às vezes, o político faz uso do Bonfim [para se promover], mas eu acho que não. O Bonfim é um momento de fé, de demonstração, na minha opinião, da crença e de valores. É um momento da fé. O Dois de Julho tem mais a ver com a política do que o Senhor do Bonfim”, opinou.

Presente no cortejo, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que a prioridade da sigla é a campanha de Lula, a reeleição dos governadores e uma bancada forte de deputados federais e senadores. “A partir de fevereiro, iremos começar os trabalhos nas cidades, tanto na construção de alianças, como na organização da pré-campanha”, disse.

O nome de Lula foi lembrado pela classe política e pela população. A impossibilidade de candidatura do ex-presidente foi descartada, assim como a existência de um ‘plano B’.

Ausências
Foi no início do trajeto, ainda no Comércio, que importantes nomes da base de Rui ficaram. O ex-governador e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner (PT), e o vice-governador João Leão (PP-BA), nem chegaram a iniciar o cortejo.

A falta do deputado estadual Marcelo Nilo (PSL), ex-presidente da Assembleia Legislativa; do deputado federal Ronaldo Carletto (PP); e do senador Otto Alencar (PSD), presidente da legenda no estado, também foi sentida durante o trajeto.

‘A chapa esquentou’
A consolidação que a pré-candidatura de Rui tem passa longe, no entanto, da base do governador. Desfilando pulverizada e distante de Rui – que foi acompanhado lado a lado por poucos nomes da base -, a comitiva do governo estava cheia de políticos preocupados com a formação da chapa majoritária, que será constituída por Rui com os partidos correligionários.

Com apenas quatro vagas, o pleito para ‘um posto/uma cadeira’ é grande em todos as siglas da base, mas eles prometem que prezam mais pela unidade da chapa do que pelos interesses partidários e pessoais.

A senadora Lídice da Mata (PSB) não pareceu contente com a indefinição da chapa. Questionada sobre a futura escolha de Rui, Lídice destacou a complexidade da política e a necessidade de olhar para além dos números. “A chapa está esquentando e está indefinida. Nós temos tempo para discutir e vamos continuar colocando as nossas opiniões sobre a formação da chapa. Acreditamos que ela não deve obedecer apenas a critérios aritméticos. A política é muito mais complexa”, declarou.

O deputado estadual Zé Neto (PT) minimizou a questão e afirmou que “é melhor ter mais opções do que não ter nenhuma”. Ele ainda elencou os quatro nomes considerados mais fortes para a disputa na chapa, para ele: Ângelo Coronel (PSD), atual presidente da Assembleia Legislativa, Carletto, Lídice e Wagner.

Em vez de quatro, o deputado federal Nelson Pelegrino (PT) acredita na existência de oito nomes ‘fortes’ para a chapa – que ele prefere não citar. Para o petista, a estratégia que deve ser realizada por Rui é de oferecer “compensações” aos que ficarem de fora – como vagas no governo no futuro e promessas para as eleições de 2020.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) descarta a possibilidade de racha dentro da base de Rui. “Os partidos têm vontade de participar da chapa majoritária, mas evidentemente que o aspecto eleitoral precisa ser analisado e nós estamos focados na unidade. Não há a hipótese de divisão da base”, disse.

 

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