Levantamento da FGV aponta avanço acima da média nacional e queda no índice de Gini, que mede a concentração de renda
A renda dos 50% dos trabalhadores mais pobres no Brasil cresceu 10,7% no quarto trimestre de 2024, na comparação com o mesmo período de 2023. O índice supera a média nacional de 7,1% e confirma um movimento importante de redução das desigualdades no país. O dado é do levantamento do FGV Social, com base na Pnad Contínua do IBGE, coordenado pelo economista Marcelo Neri.
A melhora na base da pirâmide reflete uma combinação de fatores que têm transformado a composição do mercado de trabalho brasileiro. A queda no desemprego foi responsável por 3,9 pontos percentuais do avanço entre os 50% mais pobres. Outro fator decisivo foi o aumento da escolaridade, que contribuiu com 5,24 pontos. De acordo com os cálculos da FGV, cada ano adicional de estudo representa, em média, um aumento de 11,4% na renda, considerando a série histórica dos últimos dez anos.
“Há um conjunto grande de fatores que explicam o aumento da renda do trabalho e todos apontam para cima na comparação dos dois trimestres. Mas a renda dos mais pobres cresce mais pelo efeito desemprego e pela escolaridade, que tem repercussões lá na frente”, afirmou Neri.
Diminuição das desigualdades
O crescimento da renda entre trabalhadores da base da pirâmide traz outra boa notícia: o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu para 0,518 — o menor nível desde 2015. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, houve uma redução de 3,3% na desigualdade medida por esse indicador.
O cenário atual também aponta para uma ampliação da massa salarial real, que subiu 5,7% no período. Para a FGV, o principal diferencial neste momento é a combinação entre crescimento econômico, recuperação do emprego e melhora dos indicadores sociais — com efeitos mais marcantes nas camadas historicamente mais vulneráveis da população.