Em entrevista exclusiva ao BP Money, “Chorão” comentou a possibilidade de greve e também falou sobre o risco de desabastecimento de diesel no Brasil
O líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, disse, em entrevista ao BP Money, nesta sexta-feira (27), que a categoria pode parar – em uma possível greve dos caminhoneiros – por não ter condições de se manter. Chorão, como é nacionalmente conhecido, questionou se os preços praticados pela Petrobras (PETR3;PETR4) devem sofrer mudanças com a nova troca no comando da empresa e cobrou mais transparência por parte de Jair Bolsonaro (PL) e da estatal.
“O presidente precisa dizer para a categoria se o preço do diesel vai subir. Nossa principal pauta é referente a Petrobras. Com a estatal, o rico está ficando cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. A troca de presidente da Petrobras vai diminuir o preço ou a Petro vai continuar sangrando o povo e a nossa categoria?”, questionou Landim.
“[A categoria] pode parar por não ter condições de se manter”, complementou. Landim também cobrou mais transparência da petroleira e do líder do Executivo em relação às informações que deixaram de ser passadas de forma antecipada à categoria sobre a possibilidade de falta de diesel no início do segundo semestre.
“Dia 24 eu cobrei do Ministério de Minas e Energia para ter transparência ao passar para a categoria informações em relação ao estoque do diesel. Nós alertamos e a Petrobras estava escondendo. Agora, a empresa disse que tem menos de 20 dias de estoque. Então por que não alertou antes pra gente se programar? Saiu fora do controle, por isso peço que o presidente chame a responsabilidade e tenha coragem de se pronunciar”, enfatizou o líder dos caminhoneiros.
Segundo informações da “Folha de S. Paulo”, a Petrobras confirmou o informe da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre a possibilidade de falta de diesel no Brasil. A estatal teria enviado um ofício ao Governo Federal, formalizando o alerta da federação.
Landim afirmou que, exatamente pelo risco de desabastecimento, existe a possibilidade da categoria parar, sem ser necessariamente por uma greve dos caminhoneiros, já que a falta de diesel afeta diretamente as operações da classe. “Vamos parar naturalmente. Pedi transparência na Petrobras e não teve. Automaticamente isso (falta de diesel) vai colapsar a categoria”, disse.
Petrobras (PETR4) alertou governo para risco de falta de diesel
De acordo com informações do jornal “O Estado de S. Paulo”, a Petrobras enviou um ofício no início desta semana ao Ministério de Minas e Energia (MME), alertando para o risco de desabastecimento de diesel no Brasil.
O documento tinha como objetivo evitar que um provável desabastecimento de combustível acabasse prejudicando a companhia. Em uma reunião da Petrobras com as autoridades brasileiras para acompanhar os estoques de petróleo e derivados no País, a questão já havia sido levantada. No ano passado, a Petrobras já alertava para a redução da oferta e os efeitos que a escassez poderia causar, pois a companhia não conseguiria mais atender toda a demanda do mercado.
Sem as importações, a Petrobras conseguiria abastecer apenas metade do mercado brasileiro de diesel. Em nota à imprensa, nesta semana, Wallace Landim, líder dos caminhoneiros exigiu transparência da petroleira. “Exigimos transparência com relação ao estoque de diesel para o mercado interno, o novo presidente da Petrobrás precisa dizer para a categoria se os preços vão parar de subir e se existe risco de desabastecimento”, disse Chorão.