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Brasil tem recorde de famílias inadimplentes em outubro

Proporção de famílias com contas em atraso passou de 30% em setembro para 30,3% em outubro, quarto mês seguido de avanços

Foto: Reprodução

A inadimplência alcançou novo recorde em outubro, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A proporção de famílias com contas em atraso passou de 30% em setembro para 30,3% em outubro, quarto mês seguido de avanços. Os dados são da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor).

Em um ano, a fatia de inadimplentes aumentou em 4,7 pontos porcentuais, maior avanço nesse tipo de comparação anual desde março de 2016. Em outubro de 2021, a proporção de famílias com contas em atraso era de 25,6%.

Já o endividamento registrou queda de 0,1 ponto porcentual, passando de 79,3% setembro para 79,2% em outubro, interrompendo uma sequência de três meses de altas. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

Há um ano, a proporção de endividados era de 74,6%, ou seja, aumentou em 4,6 pontos porcentuais. Na passagem de setembro para outubro, a proporção de famílias endividadas com renda mensal até 10 salários mínimos teve ligeiro recuo de 80,3% para 80,2%. Entre as famílias mais ricas, que recebem mais de 10 salários mínimos mensais, a fatia de endividados diminuiu de 75,9% para 75,4%.

Segundo a CNC, a melhora no mercado de trabalho, a desaceleração da inflação e as políticas de transferência de renda explicam o leve arrefecimento do endividamento. Por outro lado, o endividamento em patamar elevado e os juros altos dificultam o pagamento das contas e pioram o quadro de inadimplência.

A economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, pondera que a proporção de famílias com dívidas atrasadas por mais de 90 dias tem diminuído desde abril, totalizando 41,9% dos inadimplentes nessa situação em outubro, a menor proporção desde dezembro de 2021.

“Os consumidores têm buscado renegociar as dívidas sem pagamento há mais tempo”, avaliou Izis Ferreira, em nota oficial. A proporção de famílias que afirmam não ter condições de pagar as contas em atraso – ou seja, que permanecerão inadimplentes – diminuiu de 10,7% em setembro para 10,6% em outubro.

O porcentual de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas cresceu em 12 estados brasileiros na passagem de setembro para outubro. As Unidades da Federação com as maiores proporções de famílias inadimplentes foram Bahia (43,7%), Rio Grande do Norte (42,4%), Minas Gerais (42,2%), Ceará (41,9%) e Roraima (38,5%).

Quanto ao endividamento, a proporção de endividados cresceu em outubro ante setembro em 17 das 27 Unidades da Federação, com destaque para o nível elevado de endividados em estados do Sul e Sudeste.

No Paraná, 95,8% das famílias estão endividadas, e no Rio Grande do Sul, 91,9%. Os três estados seguintes no ranking de maior endividamento são Rio de Janeiro (89,7% das famílias possuem dívidas), Espírito Santo (88,5%) e Minas Gerais (87,2%).

No período de um ano, aumentou a proporção de famílias com dívidas no cartão de crédito (de 84,9% dos endividados em outubro de 2021 para 86,2% em outubro de 2022) e no cheque especial (de 4,9% para 5,1%).

“Caracterizados pela facilidade no acesso e alta relação com as necessidades de consumo de curto prazo, os dois tipos de dívida foram os mais buscados pelos consumidores que tiveram o poder de compra afetado pela alta da inflação no período”, justificou a economista Izis Ferreira.

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