Para Wolmer Godoi, pessoas não se preocupam com cibersegurança
O ataque cibernético global deflagrado na última sexta-feira (12), chamado pela Europol, a polícia da União Europeia, de uma ação “sem precedentes”, pode se tornar algo cada vez mais comum.
O ransomware (malware que exige resgate) “Wanna Cry”, ou, em tradução livre, “Quero chorar”, atingiu cerca de 300 mil computadores em mais de 150 países e bloqueou atividades de empresas e instituições do mundo todo.
O vírus se aproveitou de uma vulnerabilidade do Windows para “sequestrar” informações e exigir um resgate de US$ 300 em bitcoins, afetando apenas equipamentos que estavam com o sistema operacional desatualizado.
“A gente acha que cada vez mais, se a toada continuar como é hoje, com as pessoas se preocupando pouco com segurança, a tendência é esse tipo de ataque aumentar”, diz, em entrevista à ANSA, o especialista Wolmer Godoi, diretor da empresa de cibersegurança Cipher.
Segundo ele, o problema pode se tornar ainda maior no Brasil, um país que age “pouco na prevenção e muito na correção”. “A gente conta com a sorte. Quem contou com a sorte entrou pelo cano”, acrescenta. A Microsoft já havia disponibilizado a correção para a falha em seu sistema em março, mas a falta de preocupação de centenas de milhares de usuários com a atualização do Windows permitiu um ataque em larga escala.
Com isso, os hackers já conseguiram arrecadar cerca de US$ 70 mil em bitcoins desde a última sexta-feira, valor que vem crescendo rapidamente ao longo dos últimos dias. “Até agora, dos relatos que eu tenho, 100% das pessoas que pagaram não tiveram os dados de volta”, ressalta Godoi, que sempre orienta seus clientes a não pagarem o resgate.
De acordo com o especialista, a maioria das empresas costuma deixar a segurança em “segundo, terceiro, quarto ou quinto plano”, mas esse tipo de evento pode fomentar um cuidado maior com as atualizações de sistemas. “A correção é sempre mais cara que a prevenção. Quem foi atacado está pagando um preço muito mais alto”, afirma.
Até agora há muitas especulações e poucas certezas sobre a autoria do ataque cibernético: as suspeitas já recaíram sobre hackers patrocinados por Rússia, Coreia do Norte ou até mesmo independentes. “Pode ter sido um grupo de hackers, pode ter sido uma pessoa específica. Mas a forma do ataque foi muito inteligente, acredito que seja mais do que um geniozinho do mal”, completa Godoi. (ANSA)