Na última sexta, os preços do petróleo fecharam em novas máximas de 7 anos com temores sobre a oferta
A recente alta no preço do barril de petróleo no mercado internacional pode levar a Petrobras a anunciar novos reajustes nos preços dos combustíveis no mercado brasileiro nos próximos dias, apontam analistas. Na sexta-feira (4), os preços do petróleo fecharam em novas máximas de 7 anos com temores sobre a oferta.
Nas contas do presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e especialista em energia, Adriano Pires, os preços do diesel e da gasolina no mercado interno já teriam chegado até ontem a uma defasagem de 10% em relação à paridade internacional. Na sexta-feira, o barril de petróleo tipo Brent, principal referência internacional, e o WTI, índice americano para a commodity, ultrapassaram a barreira dos US$ 90 pela primeira vez desde 2014.
Além do preço do barril no mercado internacional, os preços dos combustíveis no mercado interno também sofrem influência do câmbio. Para o presidente do CBIE, a recente valorização do real frente ao dólar não deve ser suficiente para compensar a alta nos preços internacionais do petróleo.
“Com o aumento do barril, a defasagem dos combustíveis tende a aumentar. O câmbio pode ajudar a fazer com que esse aumento seja menor, tem uma compensação, mas não reduz significativamente a defasagem”, diz Pires
O analista sênior de óleo e gás da Bloomberg Intelligence, Fernando Valle, concorda que o preço do Brent teve maior influência nas últimas semanas sobre os preços internos de combustíveis do que o câmbio.
“É provável que o Brent continue sendo o fator mais relevante para os preços dos combustíveis no Brasil. O barril subiu mais do que a queda do dólar, ao mesmo tempo em que temos um aumento no custo de logística. A alta no preço do barril também está levando a um aumento no custo de serviços e equipamentos para a produção de petróleo, que a Petrobras e outras empresas devem sentir ao longo de 2022”, explica
Pires lembra ainda que é possível que ocorra uma nova depreciação do real frente ao dólar nas próximas semanas, com a perspectiva um novo aumento nas taxas de juros americanas em março e a aproximação das eleições presidenciais no Brasil.
Fonte: Valor Econômico