Mais de 1.400 pessoas morreram em Israel
Os pequenos corpos estão alinhados no chão do necrotério de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, todos pertencentes à mesma família, que perdeu dez membros, oito deles crianças, em um bombardeio israelense no enclave palestino.
Todos fazem parte da família Al-Bakri, de acordo com socorristas e testemunhas. No hospital europeu, os corpos das crianças foram envoltos em panos brancos, que cobrem seus rostos ensanguentados, constatou um fotógrafo da AFP.
A população está pagando um preço alto na guerra desencadeada em 7 de outubro após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas em solo israelense.
Mais de 1.400 pessoas morreram em Israel, a maioria civis, executados por comandos do Hamas. Na Faixa de Gaza, pelo menos 3.785 pessoas, incluindo mais de 1.500 crianças, morreram nos bombardeios israelenses.
O Exército israelense disse nesta quinta-feira,19, que realizou centenas de ataques a estruturas do Hamas nas últimas 24 horas.
No sul do enclave, Diyala, Ayman, Hamada, Zaher, Uday, Jamal, Nabil e Acil, com idades entre dois e cinco anos, todos de uma mesma família, “dormiam quando (os israelenses) destruíram sua casa e ela desabou sobre eles”, explicou o patriarca da família Bakri, Abu Mohammad Wafi al-Bakri, de 67 anos.
Segundo testemunhas, eles estavam no térreo de uma casa de três andares, entre Khan Yunis e Rafah, no sul do enclave, e seus corpos foram encontrados uma hora após o bombardeio.
“Nenhum dos meus filhos tem ligação com organizações palestinas. Não havia homens na casa no momento do bombardeio”, acrescentou.
Em Rafah, outro bombardeio tirou a vida de uma mãe, Arij Marwan al-Banna, e de suas duas filhas, Sarah e Samya, com menos de 10 anos, segundo fontes médicas palestinas. A mulher havia fugido de sua casa na cidade de Gaza, após um aviso de evacuação do Exército israelense, para se refugiar na casa de seus pais, em Rafah.
Ela estava grávida de sete meses. Os médicos do hospital induziram um parto pós-morte, mas o bebê já nasceu sem vida, de acordo com uma fonte médica.
– Sem remédios, água ou eletricidade –
O pessoal médico de Gaza afirma que não pode mais tratar os feridos devido à falta de remédios, água e combustível para os geradores.
O Ministério da Saúde do Hamas, grupo que governa Gaza, afirmou nesta quinta-feira que o hospital de Deir-al-Balah, no centro do enclave palestino onde vivem mais de dois milhões de pessoas, estava ficando sem material médico.
Uma parte da Faixa de Gaza está sob cerco total de Israel, que cortou o fornecimento de eletricidade, água e combustíveis.
Na cidade de Gaza, Ahmad al-Mulla carrega duas garrafas de plástico. Ele explica que sua mãe o enviou para um ponto de distribuição de água: “Às vezes, esperamos por duas horas para finalmente descobrir que não há mais água”.
“Água é vida, nenhum ser humano pode sobreviver sem ela”, conta o adolescente.