Demanda do mercado interno por aeronaves menores e maior custo desses modelos explicam o fato de grande parte da produção ter como destino o exterior
A Embraer, fabricante brasileira de aviões, entregou mais de 8.000 aeronaves desde que foi fundada, em 1969. Segundo a companhia, mais de 90% de sua produção é exportada, sendo Estados Unidos e Europa os principais destinos.
Mas por que uma empresa brasileira tem esses resultados e mais vendas no exterior? Isso ocorre, de acordo com especialistas consultados pela CNN, porque o Brasil não tem um mercado de aviação regional como o dos países europeus ou dos EUA.
Nas rotas domésticas mais curtas – comuns por lá – o ideal são aeronaves de menor porte, como as fabricadas pela brasileira, que não têm mercado consumidor interno justamente porque o país não possui ampla malha aeroviária regional.
O custo dessas aeronaves também são maiores, outro ponto que favorece os compradores estrangeiros.
No Brasil, a principal compradora é a Azul, que afirmou à CNN ter recebido no ano passado 60 aeronaves ao todo.
Já as companhias aéreas GOL e Latam não contam aviões da Embraer em sua frota. A primeira depende de uma frota única da Boeing do modelo 737, enquanto a segunda conta com aeronaves Airbus e também da Boeing.
“Tudo começa pela demanda. Ao analisarmos as rotas, é importante verificar que as rotas da GOL e da Latam são maiores, que geralmente também dependem de aeronaves maiores para a realização do trajeto. Com a Azul, é diferente, e por isso a empresa utiliza mais as naves da Embraer”, explicou Cleveland Prates, professor da faculdade de Direito da FGV (Fundação Getulio Vargas).
O especialista ressaltou que é preciso considerar o modelo de negócio de cada aérea, além das questões técnicas das aeronaves contratadas e das preferências por custo dos modelos que serão utilizados.
“Não adianta, por exemplo, querer colocar um Boeing para realizar uma rota muito curta, porque a performance dele não vai ser tão boa. A altitude desse tipo de aeronave é maior, então não seria o modelo mais adequado”, disse.