Índice de confiança é de 95% e margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos
A pesquisa AtlasIntel colheu as opiniões de 1,6 mil pessoas em 332 municípios, de 18 a 23 de agosto, através de recrutamento digital aleatório, com índice de 95% de confiança e margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo o cientista político e executivo-chefe do instituto, Andrei Roman, a grande dificuldade de coleta dos dados via internet não foi a conexão. Ele lembra que 99% dos municípios baianos possuem cobertura 3G ou 4G.
“Nos municípios mais pobres, o desafio é ter à disposição um smartphone ou computador para se conectar e o analfabetismo funcional que caracteriza boa parte do eleitorado”. Andrei explica que, em função dessas peculiaridades, a pesquisa estabelece um processo de calibragem que atribui um peso maior para as entrevistas realizadas em regiões mais remotas e pobres.
Link exclusivo
A metodologia utilizada se baseia na resposta a links de convite direcionados de forma aleatória, a partir dos quais é gerado um link, único e exclusivo para cada eleitor pesquisado. Não é possível que outra pessoa reutilize o link, uma vez que ele já tenha sido acessado.
Outro diferencial, de acordo com Roman, é a ausência de interação física com os entrevistados, o que permite que possam responder sem a influência de terceiros ou do ambiente ao redor, fatores que muitas vezes podem constranger o eleitor ou eleitora.
A metodologia teve eficiência comprovada nas eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, em 2019, na eleição do presidente da Argentina, onde o instituto também teve bom desempenho nas eleições legislativas de 2021, além dos pleitos presidenciais do Chile (2020) e Colômbia (2022). Nas eleições municipais de São Paulo, em 2020, foi o único instituto que detectou a distância percentual entre os candidatos Bruno Covas e Guilherme Boulos. O Atlas Intel também é responsável por organizar a base de dados do Censo 2022 e, além de levantamentos eleitorais, atua no monitoramento de redes sociais, previsões econômicas e algoritmos de processamento de texto.
Outros
Para o cientista político, as pesquisas de outros institutos devem começar a retratar o cenário que a AtlasIntel já vinha sinalizando desde as primeiras pesquisas, contrariando as previsões de uma eleição resolvida com amplo favoritismo e antecedência.
“A pesquisa Atlas desde o início mostrou um cenário bem competitivo. A ideia que ACM Neto tinha possibilidade bem grande de vencer a eleição no primeiro turno estava baseada na metodologia que oferecia nomes sem contextualizar o perfil político”, diz Roman, lembrando a grande diferença observada entre as intenções de voto entre os candidatos, antes e depois de associá-los a algum dos favoritos na corrida presidencial.
Retirada de postagem
A divulgação de mais uma rodada da pesquisa AtlasIntel traz novamente à tona a polêmica criada pela campanha do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), acerca da credibilidade do instituto e da metodologia utilizada.
Na última semana, o candidato ao Governo do Estado foi obrigado pela Justiça a retirar a postagem realizada no Instagram, onde levantava suspeitas com relação à pesquisa divulgada pelo Grupo A TARDE. ACM Neto chamou o levantamento de “pesquisa fake do PT na Bahia”.
Calúnia
O candidato também atacou o Grupo A TARDE, instituição prestes a completar 110 anos de hi stória e relevantes serviços prestados à sociedade baiana.
Segundo Neto, a pesquisa não passaria de uma “enquete manipulada”. E acrescentou: “o que eles chamam de jornal não passa de um panfleto comandado por um conhecido grupo empresarial a serviço do PT da Bahia”.
Pedro Scavuzzi, advogado da coligação encabeçada pelo PT, argumentou na ação que pediu a retirada da postagem, que o adversário “praticou uma calúnia contra o PT da Bahia”. Segundo o advogado, “o PT não contratou nenhuma pesquisa, não pediu para contratar e não tem nenhuma relação com instituto de pesquisa”.
A decisão proferida na última quarta-feira, pelo juiz do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Paulo Sergio de Oliveira, determinou que ACM Neto editasse ou apagasse a publicação.
“Diante do exposto, defiro parcialmente o pedido liminar (…) determinando ao representado que edite a postagem (…) para dela suprimir apenas as expressões ‘…comandado por um conhecido grupo empresarial a serviço do PT da Bahia’ e ‘vaza pesquisa fake do PT na Bahia’, ou, na impossibilidade de edição do vídeo, que exclua integralmente a postagem, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de multa diária, fixada em
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pelo eventual descumprimento da obrigação acima descrita”, diz a decisão.
O executivo-chefe da AtlasIntel, Andrei Roman, comentou as postagens que tentaram colocar em xeque a reputação e competência do instituto e de sua metodologia.
“Em relação às críticas feitas por ACM Neto à pesquisa da AtlasIntel, em breve ele vai ter que lidar com o desafio de outras pesquisas, que vão mostrar uma queda bem maior nas intenções de voto”, afirmou.
Segundo Roman, isso se deve ao fato dessas pesquisas não identificarem Jerônimo como candidato do PT.
Subestimado
“Ele (Jerônimo) estava subestimado. A Atlas formula essa associação desde o início”, explica o cientista político, que lança um desafio. “A gente vai conferir depois das eleições que pesquisa chegou mais perto do resultado. É só observar os institutos de pesquisa e ver a trajetória de cada um”. Quem viver, verá.