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Temor de uma ‘segunda onda’ de Covid-19 ameaça bolsas no mundo

Ibovespa cai e dólar sobe acima de 5 reais, repercutindo tombo de mercados na véspera; apesar de aumento de casos nos EUA, novo lockdown não deve acontecer

S&P 500 tombou quase 5,89% na quinta-feira e opera em alta de 0,89% nesta sexta Drew Angerer/Getty Images

O aumento no número de infectados pelo novo coronavírus nos Estados Unidos após a reabertura das atividades econômicas caiu como uma bomba nos mercados mundiais. O temor pelas consequências que a chamada segunda onda de Covid-19 pode trazer para as economias em todo mundo derrubou as principais bolsas americanas e europeias na quinta-feira. O baque chegou no Brasil nesta sexta-feira, 12, após o feriado de Corpus Christi que manteve o mercado local fechado. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 2%, repercutindo as perdas mundiais da véspera. Já o dólar comercial disparava 2,33% por volta das 16h22 e fechou vendido acima dos 5, aos 5,04 reais, maior valor em uma semana.

A queda por aqui só não é mais forte porque o posicionamento dos Estados Unidos em relação ao isolamento social fez com que as bolsas mundiais reagissem e operassem no azul, mesmo que de forma tímida. Após a queda de 5,89% na véspera, o S&P 500, principal índice da bolsa americana, subia 0,89% na tarde desta sexta. A Euro Stoxx 50, que caiu 4,53% na quinta, fechou a semana com alta de 0,29%.  “O governo americano disse que não cogita fazer um novo lockdown porque a economia não aguentaria uma nova quarentena, seria um dano muito grave”, diz Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP.

Ainda que os estados americanos tenham independência em relação ao direcionamento federal, esse discurso tirou do radar um novo fechamento da economia e a necessidade de um novo ciclo de estímulos fiscais. Enfrentar mais um lockdown traria a necessidade de o governo injetar ainda mais dinheiro via disponibilização de ativos no mercado, o que prejudica o equilíbrio fiscal, pode aumentar o risco de inflação e desvalorizar ainda mais o dólar. Com o mercado interligado, interferências que afetam o mercado acionário da maior economia do mundo também tem reflexos no Brasil, que inclusive vive o processo de reabertura da economia ainda com a curva de contaminação da Covid-19 em ascendência. “A grande preocupação de um segundo lockdown é entrar em um ciclo muito negativo que ofereça um risco sistêmico muito maior. Atualmente já foram múltiplos estímulos em relação ao que foi feito em 2008. O que se tenta fazer dessa vez é evitar o cenário de 2008, e eles têm conseguido”, diz Giserman, da XP.

Mesmo com a oscilação, especialistas acreditam que a tendência da bolsa americana continuará sendo de alta. “É normal que tenhamos notícias boas seguidas de banhos de água fria. No começo da pandemia a expectativa era de que a recuperação seria em ‘v’ e assim está sendo”, diz Adriano Canteva, sócio da Portofino Investimentos. Um dos principais aceleradores desta lenta, mas ascendente curva de recuperação são os papeis relacionados à tecnologia e ao consumo de produtos bem-vindos ao “fique em casa”, como das plataformas Zoom e Netflix. Essas ações começaram a subir quando o mercado derreteu, compensando as perdas dos setores mais atingidos, como aéreas, cruzeiros e locadoras de carro. Os cinco gigantes do ramo, Amazon, Facebook, Apple, Microsoft e Google tiveram seus papeis impressionantemente valorizados desde a pandemia. Por isso, a expectativa é que enquanto grandes sustos não ocorrem o símbolo que melhor continuará representando a bolsa americana pós-Covid19 é o chamado “swoosh”, o logotipo da Nike: após uma acentuada queda, segue-se em lenta recuperação, levando consigo as demais bolsas mundiais.

Fonte: Veja

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