Estudos mostram que nossas escolhas são conscientemente ou inconscientemente inspiradas em quem está ao nosso redor.
Costumamos acreditar que o autocontrole vem de dentro, mas muitas de nossas atitudes dependem tanto de amigos e familiares quanto de nós mesmos.
As pessoas que nos cercam têm o poder de nos fazer engordar, consumir mais bebida alcóolica, nos preocuparmos menos com o meio ambiente e nos expormos ao sol sem a devida proteção, entre muitas outras coisas.
Não se trata simplesmente da pressão dos colegas, em que você age deliberadamente de uma certa maneira para se adequar ao grupo. É, na verdade, em grande parte uma atitude inconsciente.
Sem que você tenha consciência, seu cérebro está constantemente captando as dicas de pessoas ao seu redor para ditar seu comportamento. E as consequências podem ser sérias.
Atualmente, é bastante aceito que nosso senso de identidade pessoal é derivado de outras pessoas.
“Quanto mais a sua identidade for absorvida de um grupo, mesmo quando você não está por perto desse grupo, maior a probabilidade de você defender aqueles valores”, diz Amber Gaffney, psicóloga social da Universidade Estadual Humboldt, nos EUA.
“Se uma grande parte de como você se identifica como estudante de uma determinada universidade ou como um acadêmico, no meu caso, então é isso que você vai levar consigo na maioria das interações com outras pessoas.
Eu vejo as coisas primeiro através das minhas lentes de acadêmica.” Os estudantes, por exemplo, tendem a ter atitudes mais fortes em relação a temas como a legalização das drogas ou sustentabilidade do que o resto da população. São as chamadas normas sociais. E, embora elas sejam geralmente estáveis, algumas coisas interessantes podem acontecer se apenas um membro associado ao grupo agir fora do contexto.
Um estudo mostrou, por exemplo, que as pessoas provavelmente mudariam sua opinião sobre transporte sustentável se descobrissem que seus pares estavam agindo hipocritamente.
Os alunos da Humboldt moram em uma cidade pequena e socialmente liberal no norte da Califórnia, que se orgulha de suas credenciais ambientais. E eles também são muito conscientes em relação ao meio ambiente. Portanto, é de se esperar que o comentário de um colega que menospreza as emissões de carbono não caia bem.
Após ouvir a entrevista de um aluno da universidade que enfatizava a importância de percorrer curtas distâncias de bicicleta ou a pé, em vez de usar o carro, e que posteriormente admite que foi dirigindo para a entrevista, os participantes foram questionados sobre seu próprio ponto de vista em relação ao meio ambiente – enquanto estavam sentados ao lado de um ator.
O ator assumia o papel de um terceiro estudante, usando uma camiseta da universidade, ou de um profissional, vestido formalmente. Quando a hipocrisia do entrevistado era revelada, o ator fazia uma observação negativa sobre seu comportamento ou ficava quieto. A maneira como os participantes julgaram a importância de caminhar ou percorrer curtas distâncias de bicicleta dependia de com quem estavam ouvindo a entrevista e de como essa pessoa reagiu.
Quando sentavam ao lado de alguém que supunham ser outro aluno, e que compartilhava dos seus valores ambientais, os participantes reiteravam a importância de pedalar. Quando sentavam ao lado de alguém de fora, não foram tão claros na resposta. Se o estranho comentava sobre a hipocrisia do entrevistado, invocava as opiniões ambientais mais fortes dos participantes.
Ao defender o entrevistado das críticas, eles reforçavam sua opinião de que pedalar era importante. Talvez seja porque tenham achado que o entrevistado era normalmente mais ambientalmente responsável. Por outro lado, se o desconhecido ficava quieto, os participantes julgavam menos a importância de pedalar.
Então, a forma como um estranho julga nossos colegas tem um grande impacto sobre se apoiamos eles ou não. “Este foi um estudo interessante”, acrescenta Gaffney, “porque conseguimos fazer com que algumas pessoas se importassem menos com o meio ambiente.
Normalmente, isso não é algo que gostaríamos de fazer ativamente, mas entender a origem desses pontos de vista pode nos ajudar a empurrar as pessoas na outra direção.”