A desigualdade no mercado de trabalho aumentou pelo 17º trimestre consecutivo e alcançou seu maior nível em pelo menos sete anos, de acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).
O índice de Gini, que mede a renda do trabalho per capita, atingiu 0,627, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012. Quanto mais perto de 1, maior é a desigualdade. De acordo com a FGV IBRE, a desigualdade subiu quando se observa a renda individual do trabalhador e também a renda por domicílios.
As oscilações na relação entre a renda média dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres indicam que, desde novembro de 2015, essa desigualdade vem subindo. De acordo com o levantamento, a variação acumulada real da renda média entre os mais ricos (10% da população) e os mais pobres (40% da população) mostra que, no período pré-crise (até 2015), os mais ricos tiveram aumento real de 5% e os mais pobres, o dobro, 10%.
No pós-crise, a renda acumulada real dos mais ricos aumentou 3,3% e a dos mais pobres caiu mais de 20%. Observando-se toda a série histórica, desde 2012, a renda real acumulada dos mais ricos aumentou 8,5% e a dos mais pobres caiu 14%.
A pesquisa aponta que os mais pobres sentem mais o impacto da crise em decorrência da vulnerabilidade social. Segundo o pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Daniel Duque, a lenta recuperação do mercado de trabalho, ao beneficiar mais os profissionais com melhores qualificações, aprofunda a desigualdade e potencializa o desalento, situação em que o trabalhador desiste de procurar emprego.