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Brasil é o segundo país no mundo em cirurgias plásticas

De acordo com o cirurgião plástico José Carlos Dantas , apesar do aumento do interesse entre homens pela plástica, as mulheres ainda são quem ainda tem mais vontade em realizar o procedimento.

Em um país como o Brasil onde a beleza é considerada um dos fatores primordiais na sociedade – com as redes sociais isso ficou mais forte e evidente – a cirurgia plástica tem sido uma caminho em quem muitos têm apostado para ter o rosto e corpo ideais. Para se ter uma ideia desse movimento, somos a segunda nação que mais realiza esse tipo de procedimento, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), atrás apenas dos Estados Unidos.

De acordo com os dados de 2016, 10,7% de todas as cirurgias plásticas realizadas no mundo aconteceram aqui. O país está na frente de outros como o Japão (4,8%), Itália (4,1%) e México (3,9%). Nos EUA, o índice foi de 17,9%. “Isso se deve a nossa cultura latina, de país tropical, e essa apologia a beleza do corpo que faz todo mundo querer ser atraente, querer despertar um olhar contemplativo. É uma espécie de afirmação através da beleza”, explicou o cirurgião plástico José Carlos Dantas.

De acordo com o especialista, apesar do aumento do interesse entre homens pela cirurgia plástica, as mulheres ainda são quem ainda tem mais vontade em realizar o procedimento. “Não chegam a 10%”, afirmou. Entre as intervenções mais realizadas no sexo feminino estão a cirurgia de mama, a lipoaspiração e o lifting (geralmente feita na pele do paciente). “Nem sempre a cirurgia de mama é uma cirurgia fácil, porque a gente lida com a sensibilidade e a forma desejada. Já a lipoaspiração é a coadjuvante de qualquer outra cirurgia”, acrescentou.

Já no gênero masculino, os procedimentos mais realizados são as chamadas “orelhas de abano” – em crianças a partir dos 6 anos –, além das cirurgias de nariz, ginecomastia (aumento das mamas) e a lipoaspiração dos volumes laterais, na região da barriga. “Elas não saem com regime. É uma tendência que a pessoa tem. Existem pessoas que engordam e não tem esse volume”, pontuou Dantas. Com relação à faixa de idade, o cirurgião plástico tem observado um acréscimo do interesse das adolescentes na realização das intervenções, principalmente quanto ao aumento das mamas.

Silicone

Sem dúvida, um dos maiores símbolos da cirurgia plástica em todo mundo tem um nome: o silicone, surgido nos anos 1960. Conforme o especialista, o implante foi inspirado em uma bolsa de sangue e, com o passar do tempo, ele foi sendo aperfeiçoado. “Os Estados Unidos, até hoje, detém o domínio da tecnologia que preenche o silicone. As próteses evoluíram muito”, contou o cirurgião.

A recomendação aos pacientes que já possuem as próteses é a de que, três anos após o implante, seja realizada uma ultrassonografia, para investigar eventuais alterações em volta da mama como, por exemplo, reações de fibrose, tumores e calcificações. De acordo com ele, o tempo médio de adaptação as próteses de silicone no organismo é de cerca de 10 anos. A depender do tipo de cirurgia realizada, o tempo médio do procedimento varia entre 45 minutos e uma hora e meia. E, durante os 15 primeiros dias após a intervenção, a recomendação é a de que os braços devem ficar abaixados.

Orientação e cuidados são fundamentais para um procedimento seguro

Pela vaidade, é sabido que o ser humano é capaz de tudo. Até mesmo buscar meios mais baratos para alcançar a beleza, o que pode representar um grande risco à vida do paciente. “Ele não pode pensar bruscamente na cirurgia e querer fazer logo. Ele, primeiro, precisa se preparar. E nesse preparo inclui a escolha do profissional, saber o máximo dele, tomar informações junto a pacientes que ele operou. Além disso, tem a escolha criteriosa onde vai operar. Observar se o lugar é habilitado pela Anvisa, se é fiscalizado e tomar informações junto a pessoas que operaram lá, porque você está entregando a sua vida. Fuja de milagres e coisas fáceis”, alertou Dantas.

O cirurgião plástico ponderou também sobre os riscos da infecção hospitalar, um receio comum daqueles que vão realizar quaisquer tipos de procedimentos em unidades de saúde habilitadas.

“Muitas vezes as pessoas culpam os hospitais por conta de infecção hospitalar, mas é muito difícil dizer de onde essa infecção veio. Ela é um fator multivariado. O paciente pode ser um paciente colonizado. Por exemplo, ele pode ter uma unha encravada, com infecção na unha. Ele tem bactérias ali. Quando ele opera, essas bactérias, que percorrem o corpo todo, podem atingir a área operada. Contudo, qualquer cirurgia tem o mínimo potencial de problema e o médico tem de estar atento a qualquer sinal. A experiência dele pode fazer a diferença”, afirmou José Carlos Dantas.

Por Yuri Abreu | Tribuna da Bahia

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