O que seria o Ba-Vi da paz terminou como o Ba-Vi da vergonha neste domingo (18), no Barradão. Com 1×1 no placar e após 16 minutos de paralisação por causa de brigas, o jogo terminou aos 34 minutos do segundo tempo porque o Vitória não teve jogadores suficientes.
A regra diz que a partida não pode continuar se um time tiver menos de sete jogadores em campo. Foi o que aconteceu, e de maneira proposital.
O Vitória tinha sete jogadores em campo. Primeiro porque Kanu, Rhayner e Denilson foram expulsos por causa de uma briga que começou quando Vinicius empatou de pênalti para o Bahia – no primeiro tempo, Denilson havia feito 1×0 para o rubro-negro.
O jogo só recomeçou depois de 16 minutos de bola parada e quatro jogadores do Bahia também expulsos, sendo os titulares Vinícius e Lucas Fonseca e os reservas Edson e Rodrigo Becão. Ou seja, com nove do Bahia e oito do Vitória.
Até que o rubro-negro Uillian Correia foi expulso após fazer falta por trás em Zé Rafael e receber o segundo cartão amarelo. O Vitória, com sete em campo, ficava no limite.
Poucos minutos depois, o Bahia teve uma falta para cobrar no ataque. E, após uma troca de informações entre o supervisor Mário Silva, o técnico Vagner Mancini e alguns jogadores como Ramon e Bryan, o zagueiro Bruno Bispo caminhou até a bola, que estava parada para Allione cobrar, e a chutou para longe. Ele já tinha cartão amarelo, foi expulso e acabou o jogo antes da hora.
A primeira briga
A primeira grande confusão do jogo começou aos 4 minutos do segundo tempo, quando o Bahia empatou o jogo em cobrança de pênalti de Vinícius. Na comemoração, o meia tricolor fez uma dancinha estilo “créu” e gesto de “cala a boca” direcionado para a torcida do Vitória.
O goleiro Fernando Miguel não gostou e saiu em disparada segurando o jogador do Bahia e bradando com ele. Foi o início de uma briga generalizada em que Vinícius levou socos de Denilson, Yago e Kanu, e o volante Edson, do Bahia, deu um murro no lateral Bryan, do Vitória, além de outros jogadores envolvidos.
Assista aqui o gif do momento:
O árbitro Jailson Freitas expulsou três jogadores do Vitória: Kanu, Denilson e Rhayner, todos titulares; e quatro do Bahia, sendo os titulares Lucas Fonseca e Vinícius, sendo que este não havia revidado nem tinha cartão amarelo, e os reservas Rodrigo Becão e Edson.
Regulamento dá triunfo ao Bahia
O regulamento geral de competições da CBF afirma, em seu artigo 56, que nenhuma partida poderá ser disputada com menos de sete atletas. E acrescenta, no inciso 3º, que “após o início da partida, se uma das equipes ficar reduzida a menos de sete (7) atletas, dando causa a essa situação, tal equipe perderá os pontos em disputa”.
O inciso 4º complementa: “O resultado da partida será mantido, na aplicação do § 3º, se, no momento do seu encerramento, a equipe adversária estiver vencendo a partida por um placar igual ou superior a três (3) gols de diferença; e se tal não ocorrer, o resultado considerado será de três a zero (3×0) para a equipe adversária”.
O técnico Guto Ferreira já falou como vencedor do clássico, embora em tom de lamento: “Infelizmente um triunfo do Bahia que não tem aquele gostinho porque dentro de campo não foi possível terminar da maneira que tinha que terminar. Mas aí não cabe a nós julgar ou tomar decisões por eles. Nós sempre honramos os torcedores, buscamos os resultados até o final”.
A Federação Bahiana de Futebol ainda não publicou a súmula da partida.
Comentários
Confira uma seleção de comentários sobre o ocorrido, garimpados do Twitter:
@ivandmarques (subeditor de esportes do CORREIO):
1- Ba-Vi lamentável. Violência sem justificativa, condução ruim de Jailson e desfecho vergonhoso por parte do Vitória. Clássico histórico pelos piores motivos possíveis.
2-Parabéns só pra @daniela_leone pela condução das entrevistas ao fim do jogo. FM deu uma entrevista sóbria, só faltou assumir a parte dele. Entrevista de Mancini foi patética.
3-Em 11 de outubro de 1992, o Vitória tinha dois jogadores a menos desde o primeiro tempo num Ba-Vi e venceu com gol de Arturzinho. Aquele Vitória entrou pra história do clássico pela porta da frente.
4-No clássico existe um histórico de provocações dos dois lados. Com palavras antes, durante e depois. Com dancinha. Com apelido. Dentro de campo, há um árbitro que tem poder concedido pra julgar se aquela provocação é regular ou não.
5-Vinicius, pelas regras atuais, errou. Caberia a Jailson punir, se de fato assim achasse. O que acontece a partir daí não há justificativa no mundo que possa ser usada. Ainda que tenha errado parcialmente, Jailson puniu com rigor a briga.
6- Neto Baiano e Feijão, dois dos maiores provocadores recentes no clássico, tavam num vídeo nessa semana se pertubando e dando risada. Ambos já se meteram em confusão, mas não por revidar provocação (que eu me lembre).
@miropalma, subeditor de esportes do CORREIO:
1-Ba-Vi da paz? Nunca vi tanto jogador irresponsável em minha vida. Kanu o pior deles. E o reflexo disso é briga nas arquibancadas. Triste.
2-Yago deu um soco na cara de Vinicius. Kanu deu dois socos na cara de Vinicius. Só quero ver qual será a punição… Vergonha!
3-E a Federação Bahiana de Futebol precisa se posicionar. O TJD-BA também. Essa vergonha que vimos hoje não pode ser esquecida. Uma mancha enorme na história do clássico.
4-No ano passado, após o gol contra de Armero no primeiro jogo da final do Baiano, alguns jogadores do Vitória comemoraram em cima do escudo do Bahia. Paulinho fez gesto de chororô e nem por isso teve soco na cara de ninguém. Nada justifica a violência de hoje.
5-E não estou passando a mão na cabeça de ninguém, seja do Vitória ou Bahia. Quem se envolveu em briga, seja em que jogo for, merece ser punido com rigor. Isso ainda falta no nosso futebol.