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Trump pressiona Zelensky a concluir ‘acordo’ para encerrar guerra e desvia de pedido ucraniano por mísseis

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 17 de outubro de 2025.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 17 de outubro de 2025. © Jonathan Ernst / Reuters

O presidente americano, Donald Trump, que demonstra uma cumplicidade renovada com o presidente russo, Vladimir Putin, pressionou o ucraniano Volodymyr Zelensky na sexta-feira (17) a cessar as hostilidades, ignorando os pedidos de reforço militar do líder de Kiev. Zelensky aceitou a recusa, por enquanto, de sua solicitação de mísseis americanos Tomahawk.

“A reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi muito interessante e cordial, mas eu disse a ele, como também sugeri enfaticamente ao presidente Putin, que era hora de parar com a matança e chegar a um ACORDO”, escreveu Trump em sua rede Truth Social, considerando que os dois beligerantes deveriam “parar onde estão”.

“Vamos deixar que ambos proclamem vitória, que a história decida. Chega de tiros, chega de mortes”, acrescentou, antes de embarcar para a Flórida. À sua chegada, reiterou o seu apelo perante os jornalistas: a Ucrânia e a Rússia devem “parar imediatamente na linha da frente” atual.

Trump adota cautela quanto a pedido ucraniano por mísseis Tomahawk

O presidente dos Estados Unidos sugeriu na sexta-feira que seria prematuro fornecer mísseis Tomahawk à Ucrânia, durante a visita de Zelensky à Casa Branca. O presidente ucraniano afirmou que Vladimir Putin, “não está pronto” para a paz, enquanto Trump acredita no contrário.

Na sua terceira visita à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder, Zelensky chegou em um clima bastante cordial. Os dois líderes se reuniram com suas respectivas equipes.

Na primeira reunião bilateral, em fevereiro, Trump foi direto: disse a Zelensky que ele “não tinha as cartas na mão”. A segunda, em agosto, foi bem mais cordial. Agora, Zelensky foi à Casa Branca um dia após uma longa ligação entre Trump e Putin, na qual ambos concordaram em se encontrar em breve em Budapeste, na Hungria.

Desta vez, Zelensky foi recebido por Trump, com quem posou brevemente para os fotógrafos, antes de entrar no prédio. Durante o encontro, Zelensky declarou que Putin “não está pronto” para a paz, ao que Trump respondeu: “Acredito que o presidente Putin quer acabar com a guerra”.

“Precisamos dos Tomahawk”, afirmou Zelensky a Trump, referindo-se aos mísseis com alcance de 1.600 quilômetros que permitiriam à Ucrânia atingir alvos em profundidade, inclusive dentro da Rússia. Trump sugeriu que seria cedo demais para fornecer os mísseis à Ucrânia, segundo a AFP.

“Espero que eles não precisem disso. Espero que possamos acabar com a guerra sem ter que pensar nos Tomahawk”, declarou à imprensa.

Durante a reunião em Washington, Zelensky apresentou a Trump “mapas” com possíveis alvos em território russo, conforme uma fonte da delegação ucraniana. Trump reconheceu que Putin pode estar tentando ganhar tempo no conflito, mas acredita que ele deseja um acordo.

Questionado se estava preocupado com essa possibilidade, o presidente americano respondeu: “Sim, estou”, mas acrescentou: “Acho que sou bom nesse tipo de coisa. Acredito que ele quer fechar um acordo”.

Com a chegada do inverno, a Rússia intensifica seus ataques contra infraestruturas energéticas inimigas. Na sexta-feira, também reivindicou a tomada de três vilarejos ucranianos nas regiões de Kharkiv e Dnipropetrovsk.

Putin foi “muito generoso”

Nesse contexto, a reaproximação entre Trump e Putin preocupa Kiev, especialmente porque Trump fez um relato bastante positivo de sua conversa com o presidente russo no dia anterior.

Ele disse ter discutido com Putin o cessar-fogo em Gaza, no qual atuou como mediador. “Vladimir Putin achou incrível. Foi muito generoso”, afirmou Trump, sempre sensível a elogios sobre seus esforços pacificadores.

Trump, que se mostrou otimista quanto à resolução do conflito, segundo a correspondente da RFI em Washington, Sonia Ghezali, também fez elogios a Zelensky: “É uma honra estar com um líder muito forte, um homem que passou por muita coisa e que aprendi a conhecer bem”, disse ele. “Gosto de resolver guerras”, declarou Trump, que afirma ter encerrado oito conflitos desde seu retorno ao poder – número considerado exagerado por especialistas.

Com informações da AFP

 

 

 

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