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“Situação pode sair do controle”, diz especialista sobre tensão entre Venezuela e Guiana

Presidente venezuelano anunciou criação de zona de defesa de Guiana Essequiba

“Essas guerras são improváveis, até o momento que acontecem” disse o especialista em Relações Internacionais Felippe Ramos durante entrevista à CNN, sobre a tensão na fronteira entre Venezuela e Guiana.

Ramos relembrou que as guerras entre Rússia e Ucrânia, assim como Israel e Hamas, também se mostraram improváveis antes do conflito de fato começar.

“Risco deve ser considerado como existente, ainda que nesse momento sob controle”, afirma Ramos.

Para o especialista, a “situação pode sair do controle” uma vez que a base militar da Venezuela é composta por mais de 2 mil generais que divergem sobre questões políticas e econômicas.

Para efeito de comparação, o Brasil e os Estados Unidos têm 200 generais cada no controle do exército, número 10 vezes menor que o venezuelano.

“Desde Hugo Chávez, a Venezuela usou a promoção ao posto de general justamente como uma forma de apaziguar os distintos interesses das Forças Armadas que compunham o governo. Isso significa que há uma dificuldade de articulação de comando, de manter as unidades das tropas”, comenta.

Ramos ressalta, que desde 2015, uma crise interna causada pela economia abalou a base militar, além dos inúmeros casos de corrupção nas Forças Armadas. Dessa maneira, “aumenta muito a imprevisibilidade e o risco (para um conflito)”, afirma.

Essequibo, região de disputa entre Venezuela e Guiana
Essequibo, região de disputa entre Venezuela e Guiana / CNN

A Venezuela tem uma vantagem sobre a Guiana, uma vez que há uma diferença clara no tamanho dos exércitos. As Forças de Defesa venezuelanas podem ser comparadas com as do Brasil, em relação ao tamanho e ao nível da tecnologia.

“Há uma superioridade militar clara”, afirma Ramos.

No entanto, em caso de um conflito, a Guiana seria apoiada pelos Estados Unidos e China. Os chineses, por mais que sejam aliados da Venezuela, têm objetivos econômicos na região de Essequiba e uma guerra não é de interesse deles.

Maduro passou a reivindicar o território, de mais de 160 mil metros quadrados, depois que a Guiana descobriu petróleo e gás offshore. Desde então, a Guiana mostrou crescimento econômico significativo. Segundo Ramos, só em 2022, a economia do país cresceu 60%.

A Guiana, que produz atualmente cerca de 400 mil barris por dia de petróleo e gás, recebeu este ano propostas de empresas para licitações internacionais.

Fonte: CNN Brasil

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