NOVA BAHIA 2024

Projeto muda vida de produtores de leite de cabra no sertão baiano

Principais produtores de leite de cabra do estado são Casa Nova, Juazeiro, Curaçá e Uauá

Propriedades de agricultura familiar são responsáveis por 90% da produção de caprinos e ovinos no Brasil – Foto: Coopercuc | Divulgação

A valorização do leite de cabra no sertão baiano, produto com alto potencial para as regiões de clima semiárido, está mudando para melhor a vida em propriedades de agricultura familiar, responsáveis por 90% da produção de caprinos e ovinos no Brasil.

No Censo Agropecuário IBGE/2017 o estado somava mais de quatro mil (4.015) estabelecimentos produtores de leite de cabra. Os principais municípios produtores são Casa Nova com 12,1 milhões de litros, Juazeiro com 5,4 milhões/litros, Curaçá com 3,9 milhões/litros e Uauá com 3,3 milhões de litros.

Os dados são referentes a produção de 2016, compilados e divulgados pelo Centro de Inteligência e Mercados de Caprinos e Ovinos (CIM), implantado pela Embrapa, CEPEA-Esalq, CNA, MAPA e outras instituições, para acompanhar a evolução e promover a atividade em todo Brasil. 

Para fortalecer esse ramo da pecuária, o Projeto Bahia Produtiva, da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional da Secretaria estadual de Desenvolvimento Rural (CAR/SDR) tem vários projetos em andamento para beneficiar diretamente 3.924 famílias com investimentos que somam R$ 63 milhões.

A Agroindústria de Laticínio Testa Branca, na zona rural de Uauá, 408 km de Salvador, é uma unidade de beneficiamento de leite de cabra que aguarda a aprovação dos rótulos junto à Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). 

O laticínio, que já produz queijo coalho (frescal) e iogurte em produção artesanal, conta com o Selo de Inspeção Estadual (SIE) e aguarda também a liberação do Selo de Inspeção Federal (SIF) pelo Ministério da Agricultura e a ligação da energia. Com capacidade de processar 800 a 1500 litros dia Atualmente processa 1.600 litros por semana.

O programa implantado para potencializar e valorizar a produção em Testa Branca e comunidades do entorno, inclusive do município de Curaça, é executado pela CAR/SDR através do Pró-Semirárido com recursos do Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (Fida) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Fazem parte do projeto a Associação Comunitária Agropastoril da Fazenda Testa Branca (Acateb) e a Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), esta com experiência no aproveitamento das frutas da região como umbu e maracujá da caatinga para sucos e geleias.

Médico veterinário da Coopercuc, responsável técnico pelo laticínio de Testa Branca, Wendeell Oliveira destacou que este trabalho conjunto teve início em 2016 está dando resultados positivos entre os produtores. Com 90 propriedades mapeadas, a meta é trabalhar com mais de 200 produtores de agricultura familiar na região de Uauá.

Também a Startup Polvo Lab participa do processo para o desenvolvimento de produtos, assistência técnica e estratégias de mercado, por meio de contrato assinado em outubro. De acordo com a empresária Gabriella Marques, a proposta é valorizar a matéria prima da região e dar visibilidade à produção da agricultura familiar.

Ela e a sócia Ana Maria Diniz trabalham com diversos grupos pelo Brasil, incentivando a melhoria da produção, criação de marcas e novos produtos, com foco no incremento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Na Bahia, além do laticínio de Uauá, elas atuam com uma cooperativa no sul do estado para produção de chocolates especiais.

O leite de cabra é especial, recomendado para pessoas que tem intolerância à lactose, dentre outras vantagens como menor taxa de gordura e melhor digestão. “existe um preconceito ainda em parte da população, alegando, por exemplo, que o leite da cabra tem cheiro e gosto fortes”, afirmou Marques, salientando que isso é um mito, pontuando que parte do trabalho é desmistificar essa crença.

A fácil adaptação dos caprinos no árido agreste, faz deste animal de pequeno porte o principal rebanho da região. Neste contexto o Pró-Semiárido é projeto da SDR que investe em iniciativas para que as famílias fortaleçam a produção e tenham condições de permanecer em suas terras com recursos do seu trabalho.

Cinco territórios

Atualmente são 632 comunidades rurais de 32 municípios, em cinco territórios. Juntos somam mais de R$ 21 milhões em investimentos de estruturas das propriedades, assessoramento técnico contínuo individual e em grupo e com repasse de conhecimentos acerca do manejo alimentar, sanitário e reprodutivo.

As regiões atendidas no programa são Sertão do São Francisco, Piemonte Norte do Itapicuru, Sisal, Bacia do Jacuípe e Piemonte Norte da Diamantina. Com foco no melhoramento genético do rebanho  para atender a produção de leite e carne, principalmente, o Centro de Reprodução de Animais- Pró-Semiárido.

SIEL GUINCHOS

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