Entre câmeras, fiscalização rigorosa e conselhos repetidos, a PRF busca transformar números de acidentes em histórias de chegadas seguras
Quando dezembro chega ao fim, as rodovias brasileiras se transformam em artérias pulsantes, onde milhares de carros carregam malas abarrotadas, playlists cuidadosamente montadas e sonhos de um ano que promete ser melhor. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) sabe disso melhor do que ninguém. Como um maestro invisível, ela ajusta o ritmo das rodovias, tentando evitar que o fluxo se transforme em tragédia.
A Operação Ano Novo, que começa nesta sexta-feira (27 de dezembro) e se estende até o dia 1º de janeiro, não é apenas uma blitz disfarçada de operação. É um esforço anual, quase ritualístico, para que a temporada de festas não deixe marcas irreversíveis no asfalto.
A receita é antiga, mas continua sendo servida com seriedade: revisão do carro, descanso adequado do motorista, uso de cinto de segurança e respeito às leis de trânsito. Para muitos, essas recomendações parecem burocracia ou repetição exaustiva. Mas para quem já viu um para-brisa quebrado ser a última imagem de um feriado, cada regra se torna uma linha tênue entre voltar para casa com histórias para contar ou não voltar.
O básico que salva vidas – A PRF não cansa de repetir: antes de ligar o motor, cheque tudo. Pneus, freios, faróis, limpadores de para-brisa e, claro, os documentos do veículo. Não é frescura, é física básica. Um pneu careca a 100 km/h pode ser tão perigoso quanto um motorista bêbado.
O planejamento também entra na equação. Viajar longas horas sem pausas pode ser tão arriscado quanto ultrapassar em local proibido. A recomendação é clara: dirija por no máximo quatro horas seguidas e faça pausas regulares. E quando bater aquele cansaço inescapável, é melhor adiar a chegada do que não chegar.
Dentro do carro, a PRF também tem recados para quem vai como passageiro. Todo mundo deve usar cinto de segurança, sem exceções. Crianças precisam estar nos dispositivos apropriados — bebê-conforto, cadeirinha ou assento de elevação, dependendo da idade e peso.
O perigo invisível das ultrapassagens – Há algo quase teatral nas ultrapassagens mal feitas: uma mistura de pressa, confiança excessiva e desprezo pelas probabilidades matemáticas. A PRF alerta que um terço das mortes nas rodovias federais tem relação direta com ultrapassagens indevidas. A dica é simples: só ultrapasse em locais permitidos e quando tiver certeza de que há tempo e espaço suficientes para a manobra.
Por trás dessas recomendações, há estatísticas frias que pesam mais do que o calor do verão. São números que fazem parte do cotidiano dos agentes da PRF, mas que, para o público, são apenas mais um dado perdido entre notificações de celular e mensagens de WhatsApp.
As câmeras não piscam – Neste ano, a operação de fim de ano ganha um aliado silencioso, mas extremamente eficaz: câmeras de videomonitoramento estrategicamente posicionadas nas rodovias. Elas não cansam, não piscam e não deixam passar despercebida nenhuma infração. O foco estará nas ultrapassagens perigosas, na velocidade excessiva e no consumo de álcool ao volante.
Além disso, a PRF impôs restrições ao tráfego de veículos de carga com dimensões ou peso excedentes nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro, entre 16h e 22h. Não se trata de punir caminhoneiros, mas de garantir que os trechos mais críticos não se tornem armadilhas para motoristas menos experientes.