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Polícia Federal cumpre 45 mandados de prisão após delação de doleiros

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (3) a Operação Câmbio, Desligo para prender 45 pessoas após a delação dos doleiros Vinicius Clarete Cláudio Barbosa, apontados como os maiores doleiros do país. Os mandados estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal, no Uruguai e no Paraguai.

Em Porto Alegre, os alvos da operação, de acordo com informações da Rádio Gaúcha, seriam o doleiro Antônio Claudio Albernaz Cordeiro (conhecido como Tonico Cordeiro), seu irmão Athos Roberto Albernaz Cordeiro, além de Paulo Aramis Albernaz Cordeiro, Suzana Marcon e Carmen Regina Albernaz Cordeiro.A reportagem do Jornal do Comércio tentou confirmar os nomes com a Polícia Federal, mas a instituição afirmou que não revela a identidade dos alvos.

O principal alvo da ação desta quinta-feira é Dario Messer, filho do doleiro Mardko Messer, espécie de mentor de Claret e Barbosa na década de 1980. Ele era o responsável por dar lastro financeiro às operações da dupla, recebendo o maior quinhão do lucro do grupo. Claret e Barbosa detalharam em delação premiada como funcionava um sistema que reunia doleiros de todo o país que movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.

Conhecido como Juca Bala, Claret já foi citado por executivos da Odebrecht, o corretor Lúcio Funaro e os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que atuavam para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Claret operava tanto contas no exterior como era capaz de fornecer dinheiro vivo para corruptores interessados em pagar as quantias a agentes públicos. Concentrava, assim, as duas pontas da operação dólar-cabo, usada para despistar as autoridades financeiras do país.

Embora atuassem no Brasil, os dois operavam o complexo sistema de dólar-cabo desde o Uruguai. Grande parte dos recursos em espécie eram movimentados pela transportadora de valores Transexpert, já mencionada na delação do operador Álvaro Novis. Claret e Barbosaforam presos em março do ano passado no Uruguai em decorrência da Operação Eficiência, feita com base na delação dos irmãos Chebar e que prendeu o empresário Eike Batista.

Claret foi citado como tendo auxiliado na evasão de US$ 85,4 milhões de Cabral -o que agora revela-se ser apenas uma fração de toda operação da dupla. Assim como a Odebrecht, o sistema “bankdrop” dos doleiros identificava os responsáveis pelas transações por apelidos. Os irmãos Chebar, por exemplo, receberam o nome de “Curió”. Os Chebar procuraram a ajuda de Juca Bala após o volume de propina do ex-governador aumentar consideravelmente após ele assumir o estado. Em razão de sua prisão ter ocorrido numa operação da Lava Jato do Rio, ele acabou identificado como “doleiro do Cabral”, embora os dois tenham se conhecido de fato apenas na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, para onde foi levado em janeiro após ser extraditado do Uruguai. Claret e Barbosa são descritos como “doleiros dos doleiros” pelo Ministério Público Federal. Os dois operavam o dólar-cabo desde a década de 1980, em agências de turismo da família Messer no Rio de Janeiro.

Em 2003, os dois decidem se mudar para o Uruguai a fim de fugir do monitoramento de autoridades financeiras do Brasil. No ano seguinte, eles “herdam” as operações da família Matalon, doleiros que atuavam em São Paulo. Ao acumular as duas maiores praças do mercado de câmbio, passam a ser considerados os “doleiros dos doleiros”. Isso porque quase nenhum operador do mercado tem a capacidade de operar as duas pontas do dólar-cabo sem o auxílio de outros doleiros.

Embora fossem os grandes operadores, Claret e Barbosa recebiam uma pequena participação do lucro dos negócios. A maior cota era destinada a Dario Messer, que dava respaldo às operações com seu nome e captava clientes. Messer foi dono do banco EVG, de Antigua e Barbuda, onde mantinham contas doleiros e empresários. Entre os nomes listados pela Procuradoria estão Alexandre Accioly e Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, acusado de pagar propina a Cabral. Ele deixou a sociedade no banco em 2012, após desentendimento com Enrico Machado, outro dono do banco que também firmou delação premiada.

Com informações da Folhapress
SIEL GUINCHOS

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