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PM diz que carro do cantor Jean William foi clonado e descarta abordagem racista

O cantor lírico, que tem 36 anos e é negro, ocupava o banco do motorista de seu carro da marca Jeep, considerada de alto padrão, quando um policial apontou uma arma para o seu rosto e ordenou que ele descesse do automóvel, com as mãos erguidas

© Reprodução- Skype

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Militar de São Paulo afirma que o tenor Jean William, abordado por policiais militares enquanto fazia a travessia de balsa entre Santos e Guarujá, teve seu carro clonado e, por isso, foi interpelado como um possível criminoso na semana passada.

O cantor lírico, que tem 36 anos e é negro, ocupava o banco do motorista de seu carro da marca Jeep, considerada de alto padrão, quando um policial apontou uma arma para o seu rosto e ordenou que ele descesse do automóvel, com as mãos erguidas.

Não houve esclarecimentos sobre o motivo da ação no momento do fato, e o tenor se sentiu alvo de uma abordagem de motivação racista. Imagens fornecidas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública confirmam o relato dele.

Segundo a PM, em nota divulgada nesta segunda-feira (31), o carro clonado apresenta o mesmo modelo e placa do veículo de Jean William e foi usado durante um furto a uma residência na zona leste da cidade de São Paulo, no dia 17 de janeiro.

Por causa da coincidência, conforme a corporação, o carro do cantor foi associado à ocorrência pelo sistema de câmeras de segurança de Santos -o que mobilizou os policiais responsáveis pela abordagem. A PM ainda diz que a investigação afastou qualquer motivação de caráter racista por parte dos policiais.

“A Polícia Militar esclarece que, após investigação, as autoridades concluíram não ter havido qualquer ilegalidade na ação, tendo em vista que a placa do veículo ocupado pelo reclamante foi identificada pelo sistema de câmeras Detecta por provável envolvimento em ocorrência de furto”, afirma a PM em nota.

“A instituição lamenta sinceramente pelos transtornos e está à disposição de Jean Willian para auxiliá-lo naquilo que for necessário. A PM ressalta, ainda, que as imagens foram encaminhadas à Polícia Civil para a competente investigação”, segue.

Questionada, a Polícia Militar diz que a confirmação da legitimidade e da propriedade do carro de Jean William foi rápida, por isso a abordagem durou cerca de seis minutos e ele foi liberado para seguir viagem.

A PM respondeu sobre o episódio quatro dias após ser questionada pela reportagem. A corporação diz que o prazo foi necessário para ter acesso ao boletim de ocorrência do furto em São Paulo, bem como às filmagens do carro clonado e da revista em Santos, para esclarecer o episódio.

O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo na sexta-feira (28). “Que risco eu estava representando de dentro do meu carro, parado numa balsa, olhando pro mar, para que ele apontasse a arma daquela forma? Eu não entendo”, questionou o cantor de música clássica.

O policial, que estava acompanhado de outro fardado, teria perguntado a William, aos gritos, se o automóvel era dele, se já tinha sido preso e se levava drogas. Em seguida, o interior do veículo foi revistado. “Eles mal tocaram no carro. Abriram o porta-malas e só viram duas cadeiras de praia”, contou o tenor.

Jean William chegou a ser questionado se “tinha feito alguma coisa diferente” enquanto transitava pela região e explicou que, minutos antes de embarcar na balsa, precisou desviar de um caminhão na estrada. Um dos PMs teria respondido que poderia ser esse “o motivo de ter vindo uma denúncia”, segundo William.

“Além do medo, tem o constrangimento. Tinham vários carros na bolsa, tinha gente filmando. Nos primeiros minutos eu fui tratado como um bandido”, afirmou o cantor.
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Leia a nota enviada pela Polícia Militar de São Paulo:

“A Polícia Militar esclarece que, após investigação, as autoridades concluíram não ter havido qualquer ilegalidade na ação, tendo em vista que a placa do veículo ocupado pelo reclamante foi identificada pelo sistema de câmeras Detecta por provável envolvimento em ocorrência de furto a residência, na zona leste da capital, no dia 17 de janeiro.

Foram analisadas imagens do veículo na balsa e, também, de câmeras de rua no local do crime de furto, o que indicou provável utilização de carro clonado (dublê) na ação criminosa.

Portanto, os policiais foram convocados pela central para abordar o veículo e, em nenhum momento, sabiam por quem era ocupado, afastando qualquer motivação de caráter racista.

A instituição lamenta sinceramente pelos transtornos e está à disposição de Jean William para auxiliá-lo naquilo que for necessário. A PM ressalta, ainda, que as imagens foram encaminhadas à Polícia Civil para a competente investigação.”

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