Os dados são de um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM)
Mais da metade dos municípios baianos tem apenas dois concorrentes nas eleições para prefeituras. Ao todo, 214 cidades do estado possuem essa disputa direta – 51% dos 417 municípios. Os dados são de um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Para o cientista político Cláudio André de Souza, professor na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), o fenômeno ocorre quando há grupos consolidados em determinadas regiões. “A gente tem municípios com dois grupos que competem pelo poder há bastante tempo. Logo, estão consolidados, mais organizados”, explicou.
Nesse cenário ainda há o custo para bancar uma candidatura. “Para lançar uma candidatura em cidades que não têm segundo turno, que não chegam os recursos do fundo eleitoral numa quantidade significativa, (é difícil). Então, tudo isso contribui para a diminuição do número de candidatos”, complementou.
As maiores disputas acontecem entre candidatos do PSD e Avante. No total, 23 cidades baianas têm esse confronto. O primeiro partido, inclusive, é a legenda com maior número de disputas diretas no estado, com 114 participações, enquanto o PT, partido do governador Jerônimo Rodrigues, ocupa a segunda posição, com 66. No âmbito nacional, a Bahia ocupa a 10ª posição na lista de embates com apenas dois prefeituráveis.
Não precisa ir muito longe para acompanhar um desses confrontos. Em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, o Executivo é disputado por Débora Régis (União Brasil) e Rosalvo Batista (PT), que tem o apoio da atual prefeita Moema Gramacho (PT). A cidade possui o sexto maior colégio eleitoral do estado, com 160,96 mil eleitores.
Em Campo Formoso, no centro norte baiano, a rivalidade é histórica: boca branca x boca preta. Quem comanda a cidade hoje é o primeiro grupo, liderado por Elmo Nascimento (União Brasil) – irmão do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) – , que tenta reeleição no próximo dia 6 outubro. A concorrente direta é Denise Menezes (PSD) – esposa do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Adolfo Menezes (PSD).
Embora sejam comuns, as disputas diretas apresentam desvantagens. A principal delas, segundo Cláudio André de Souza, é a inexistência da terceira via.
“Esses municípios passam a ter uma vida ali, societária, de debate político mais limitado, porque você acaba tendo dois grupos que vão brigando e isso vai também desincentivando novas lideranças de aparecerem”, finalizou o cientista político.