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Lula faz 1ª visita do mandato a um assentamento do MST

O presidente planeja participar na sexta-feira (7/3) de evento em prol da reforma agrária no Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais, onde fará anúncios

O MST cobra que o governo Lula assente neste ano ao menos 65 mil das 100 mil famílias que aguardam a regularização. - (crédito: Ricardo Stuckert)

O MST cobra que o governo Lula assente neste ano ao menos 65 mil das 100 mil famílias que aguardam a regularização. – (crédito: Ricardo Stuckert)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) programou para esta sexta-feira (7/3) a primeira visita de seu mandato a um acampamento do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ele vai visitar o Quilombo Campo Grande, que fica na cidade de Campo do Meio, Minas Gerais, e anunciará uma série de medidas voltadas para os sem terra e agricultores familiares.

Dentre os atos esperados estão o assentamento de 12 mil famílias, além do lançamento de novas políticas de crédito para os produtores.

A visita ocorre em meio a críticas do MST ao governo, pela falta de ações em prol da reforma agrária. Em janeiro, a organização divulgou uma carta aberta criticando a “paralisação” da reforma, apesar das promessas de campanha de Lula – o MST foi um dos movimentos sociais mais atuantes durante o período eleitoral de 2022.

Além disso, há temor no governo com o tradicional Abril Vermelho, quando o grupo intensifica a invasão de terras consideradas improdutivas.

O Planalto avisou lideranças do MST sobre a visita de Lula ao quilombo mineiro na semana passada, quando também os convidou a participar da comitiva presidencial que foi a Montevidéu, no Uruguai, para a posse do presidente Yamandú Orsi.

“(Estou) Passando para convidar todos os nossos companheiros para um grande ato que nós vamos fazer em defesa da reforma agrária, com grandes entregas, com grandes anúncios, com a presença de vários ministros e do presidente Lula”, afirmou em vídeo um dos coordenadores nacionais do MST, João Paulo Rodrigues, ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

A fala foi gravada no Uruguai, no sábado (1º/3). Teixeira, por sua vez, confirmou os anúncios programados, que, segundo ele, vão beneficiar famílias sem terra em todo o Brasil.

O Quilombo Campo Grande, onde ocorrerá o ato, reúne mais de 459 famílias, no terreno da antiga Usina Ariadnópolis, de álcool e açúcar. A empresa faliu nos anos 90, e os trabalhadores ocuparam o local. Após 11 tentativas de despejo, incluindo uma encampada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, durante a pandemia,.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu no final do ano passado negar pedido de recuperação judicial da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que administrava a usina. A medida abriu caminho para que possa haver uma ação de desapropriação e entrega da terra aos moradores do quilombo. A expectativa é que Lula assine o ato na sexta-feira.

Cobranças

O MST cobra que o governo federal assente as 100 mil famílias que aguardam a regularização, sendo 65 mil neste ano. A gestão, porém, espera assentar 20 mil até dezembro, número considerado baixo para o movimento.

Além disso, os sem terra cobram orçamento maior para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que, no ano passado, investiu R$ 567 milhões – muito abaixo do aplicado anualmente nos governos anteriores de Lula, quando a média chegou a atingir R$ 3,6 bilhões por ano.

Lula também quer evitar mal-estar com o aumento das invasões no Abril Vermelho, como ocorreu em anos anteriores. Em 2024, o movimento ocupou 35 terras no período, 21 a mais do que no ano anterior. Houve ainda manifestações em sedes do Incra por todo o país. O aumento das invasões no período gerou, nos anos anteriores, conflitos entre o governo e o agro, bem como com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Em 2023, o Congresso chegou a montar a CPI do MST, na tentativa de desgastar o governo, mas o colegiado não chegou a conclusões. Em 2024, a Câmara aprovou um projeto que impediria invasores de propriedades rurais de receberem benefícios do governo, como o Bolsa Família.

 

 

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