A indústria do cacau do Brasil provavelmente enfrentará outro ano desafiador em 2025, depois que a produção caiu em 2024, disse a presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi, na quarta-feira (19/03).
A produção de cacau no país sul-americano caiu para 179.000 toneladas métricas em 2024, de 220.000 toneladas no ano anterior, o que Losi disse estar muito abaixo das necessidades de moagem de cacau do Brasil.
“Foi um ano desafiador e 2025 provavelmente vai continuar sendo um ano desafiador”, disse Losi à Reuters à margem da reunião da World Cocoa Foundation, em São Paulo.
Os desafios virão à medida que os produtores lutam para aumentar a oferta para atender à demanda, disse Losi.
“A oferta, ela é algo que demora mais a aumentar. Se você consegue melhorar a produtividade são ganhos mais rápidos. Mas novas áreas, a renovação de áreas, que é algo que é necessário tanto na África quanto no Brasil, é algo que toma tempo, né?”
Os comentários de Losi foram feitos em meio a uma queda esperada de 40% na produção intermediária da safra do principal produtor de cacau, a Costa do Marfim, devido a uma estação seca excepcionalmente longa e chuvas limitadas e irregulares.
A missão do Brasil é aumentar a produção de cacau por meio de uma combinação de melhoria da produtividade nas áreas existentes e da entrada em regiões que tradicionalmente não são vistas como potenciais produtores de cacau, disse Losi.
A produção média de cacau do Brasil é de 350 quilos por hectare, o que faz com que o país seja um importador líquido. A duplicação da produtividade para 700 quilos por hectare, um número que Losi classificou como ainda baixo, atenderia à demanda doméstica, acrescentou ela.
“Se pudéssemos dobrar a produtividade média, conseguiríamos superar a demanda nacional, que é de aproximadamente 300.000 toneladas, e voltaríamos a ser um player de exportação, a ter um volume de exportação relevante”, disse Losi.
Fonte: Reuters