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FMI corta quase à metade previsão de crescimento do Brasil em 2022

O Brasil deve terminar 2022 com crescimento de 0,8%, inflação de 8,2% e desemprego na faixa de 13,7%, aponta um relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgado nesta terça (19).

O estudo World Economic Outlook (Perspectiva Econômica Mundial) é divulgado a cada seis meses. A projeção atual de crescimento do Brasil é quase a metade da divulgada no último balanço, de outubro de 2021. Na ocasião, o FMI previu que o país cresceria 1,5% em 2022.

A última edição do boletim Focus, publicada pelo Banco Central no fim de março e que soma as expectativas do mercado brasileiro, apontou previsão de crescimento de 0,5% do PIB. Em fevereiro, o Brasil tinha taxa de desemprego de 11,2%. Em março, a inflação somada em 12 meses chegou a 11,3%, segundo dados do IPCA.

O FMI rebaixou a previsão de crescimento da economia global de 6,1% para 3,6% na comparação com o relatório anterior. Quase todos os países analisados tiveram piora de perspectivas, por conta da Guerra da Ucrânia.

A Rússia, que iniciou o conflito e foi alvo de sanções internacionais, deve ver sua economia encolher em 8,5% este ano, em meio a uma inflação anual de 21,3%, prevê o Fundo.

Os efeitos econômicos da guerra, que começou em fevereiro, se espalham em ondas para outros países, como em um terremoto, compara o instituto. “Como a Rússia é um grande fornecedor de petróleo, gás e metais e, junto com a Rússia, de trigo e milho, a queda na oferta dessas commodities já tem elevado os preços de forma afiada”, aponta o relatório. “A alta de preços de comida e combustíveis afetará as casas de baixa renda em nível global.”

Em 2022, a inflação deve ficar em torno de 5,7% ao ano nas economias avançadas e em 8,7% em países emergentes e em desenvolvimento. Para o Brasil, o FMI prevê alta de 8,2% nos preços neste ano e 5,1% em 2023. “O Brasil respondeu à alta inflação com um aumento nas taxas de juros, o que pesará na demanda doméstica”, comenta o Fundo no relatório.

O FMI também considera que a guerra reduziu o apetite dos investidores por riscos e aumentou o interesse por mercados considerados mais estáveis. E prevê que os níveis globais de emprego e produção devem voltar ao patamar pré-pandemia só em 2026.

Outro entrave à recuperação da economia global são os lockdowns na China, adotados para conter surtos de Covid, como o que paralisou Xangai. Eles podem gerar novos problemas nas cadeias internacionais de suprimentos.

Assim, as faltas de produtos podem se estender até o começo de 2023, projeta o FMI. “Como resultado, agora as projeções são de que a inflação permanecerá elevada por muito mais tempo do que em nossa projeção anterior, tanto em economias avançadas quanto em mercados emergentes ou em desenvolvimento”, aponta o estudo.

Com isso, há o risco de que as expectativas sobre a inflação fiquem sem controle, gerando um ciclo que pode levar os bancos centrais a darem respostas mais agressivas, prevê o FMI. “Nos próximos meses, espera-se que as taxas de juros subam mais”, aponta o documento.

O instituto recomenda que os bancos centrais atuem de forma mais rápida e precisa, para que as ações contra as altas de preço sejam efetivas e gerem menos danos à retomada econômica.

A China é uma exceção na questão inflacionária: a alta de preços lá deve ficar em 2,1% ao ano, enquanto altas históricas são registradas em muitas partes do mundo. A previsão de crescimento do PIB chinês caiu de 8 para 4,4%, na comparação com o relatório anterior do FMI. A redução de crescimento da China também piora as perspectivas para o Brasil, já que o país é o maior destino de exportações brasileiras.

Outros Brics também tiveram piora nas projeções do PIB. A Índia deve crescer 8,2% (antes seria 9,5) e a África do Sul 1,9% (antes, 5%).

Rafael Balago/Folhapress

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