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Fisioterapia é aliada na reabilitação dos infectados pela Covid-19

Fisioterapia auxilia o paciente para retornar às atividades | Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE | 9.2.2021

De dores nos músculos ou nas articulações até fraqueza, falta de ar, fadiga e dificuldades de locomoção. Mesmo após a cura, pacientes que enfrentaram a Covid-19 ainda precisam superar as sequelas deixadas pelo vírus.

Arma contra muitas destas sequelas, a fisioterapia tem papel fundamental na reabilitação durante o tratamento e após a cura do vírus. Ela melhora a força muscular e a resistência para a prática de exercício, diminui as dores no corpo e o cansaço, e prepara o paciente para retornar às atividades.

Pablo Dressel, 34, é um dos pacientes que encontraram na fisioterapia a ajuda para minimizar as consequências deixadas pelo coronavírus. Ele percebeu os primeiros sintomas no dia 15 de julho deste ano, e confirmou a infecção no dia 20. Três dias depois, ele foi internado na Unidade de Tratamento Intensivo com saturação muito baixa, mesmo usando oxigênio acima dos 12 litros. No terceiro dia de UTI, já iniciou a fisioterapia. Hoje, já curado, Paulo ainda tem sequelas no pulmão, que chegou a ficar 80% comprometido, e lembra o avanço que viveu.

“Quando estive na enfermaria, só de caminhar até o banheiro – uns sete metros longe da minha cama -, parecia que eu tinha corrido uns 300 metros, ficava ofegante e ainda sentia falta de ar. Percebi a melhora mais rápida quando estava fazendo exercícios”, lembra o montador de óculos e balconista de ótica.

Devido à importância da profissão, as buscas por fisioterapeuta hospitalar e respiratória na pandemia tiveram crescimento de 725% e 716%, respectivamente, segundo dados da Catho. Fábio Carvalho, fisioterapeuta neurofuncional, explica que o vírus é neuroinvasivo e pode causar sequelas tanto para o sistema musculoesquelético – afetando o sistema nervoso periférico -, como também para o sistema nervoso central.

Ele ressalta que a especialidade atua em todas as fases do tratamento. No caso dos pacientes que não precisaram passar pela internação e apresentaram sintomas leves, apesar de geralmente não haver sequelas músculoesqueléticas, é necessário estar atento às possíveis lesões pulmonares.

“Quem teve sintomas leves precisa verificar o que houve de lesão. Pode ter tido lesões pulmonares e, consequentemente, não terá o mesmo desempenho de antes. Então, a fisioterapia também vai ajudar nesse processo de recuperação caso tenha tido alguma lesão pulmonar leve que venha causar baixa no condicionamento físico do paciente”, ressalta o fisioterapeuta.

Já para quem sofreu com a forma mais grave da doença e precisou de internação, além das consequências do vírus, precisa recuperar o tempo em que passou sem movimentar o corpo.

“Quando fica muito tempo na UTI, sedado, usando muitas drogas para se manter estável, com ventilação mecânica, fica de barriga para baixo, posição que melhora a ventilação do pulmão. Além das lesões causadas pelo vírus, há as lesões causadas pelo internamento”, alerta Fábio.

Sobre os pacientes acometidos pela pandemia, o especialista considera que a grande maioria consegue recuperação total.

“Eu diria que em 90% dos casos que acompanhamos. Tivemos casos mais graves, a exemplo de um que chegou a seis meses de tratamento, o paciente não movimentava os dois braços, as duas pernas, tronco, tudo paralisado. Era obeso e hoje voltou a viver normal, graças ao trabalho de fisioterapia”, lembra.

Ele ressalta que não há direcionamento específico a todos os pacientes e cada um precisa ser avaliado de forma individual.

“Não existe dizer que vai ficar bom com determinado tempo, depende muito do organismo de cada um. A visibilidade dos resultados a partir de seis meses de sequela é cada vez melhor”, pontua.

Fonte: A Tarde

SIEL GUINCHOS

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