O novo coordenador da campanha de Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo do estado, Luiz Caetano (PT), demonstrou otimismo com as eleições deste ano. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele afirmou que o candidato petista tem tido sinais de crescimento durante as viagens do grupo pelo interior do estado, enquanto ACM Neto (União), principal adversário, estaria “murchando”.
“Em Conquista, por exemplo, foi um desastre. Em Belo Campo, foi um desastre também. Em vários outros municípios que ele tem ido, como Irecê, tem sido um desastre. Então, nós superamos. Demos inclusive um salto de qualidade na nossa campanha. Montamos a nossa chapa e eles agora estão um problema para escolher o vice”, afirmou Caetano, sobre a campanha do União Brasil.
Sem citar o nome de Marcelo Nilo (Republicanos), Caetano aproveitou para cutucar o ex-aliado. Segundo o novo coordenador da campanha petista, Nilo foi para o lado de ACM Neto esperando ser recebido de braços abertos, mas acabou sendo rejeitado.
“Uma figura lá achava que ia para o céu, acabou indo para o inferno. Está sendo desprezado pelo time lá. É assim que eles fazem lá. Eu disse a ele: não caia na conversa do diabo. Não estou dizendo que ninguém é diabo não, mas tem esse ditado: cuidado com o diabo, o tinhoso é perigoso”, disparou o coordenador.
Confira abaixo a entrevista completa.
A gente vê que, na maior parte das pesquisas, ACM Neto tem 40, 50 pontos de distância, de vantagem sobre Jerônimo. Qual é o principal desafio da coordenação de campanha neste momento?
A semana mais importante da eleição é a última semana. O dia mais importante é o dia D, o dia da eleição, que é 2 de outubro. O mês mais importante é o mês de setembro, aí vem o mês de agosto, em que começa a campanha oficialmente, dia 16 de agosto. Então nós estamos exatamente próximos a esse momento, esse grande momento, que é quando a população mais participa, mais está atenta, mais quer conversar sobre política. Esse é o grande desafio. Agora é fazer bem e ter uma boa estratégia, para esses três meses de campanha e nós vamos começar dia 16 oficialmente. É preciso que tenha uma boa estratégia e, obviamente, uma boa equipe que possa ajudar os candidatos. No caso, Lula, Jerônimo, Geraldo e Otto Alencar. Portanto, eu acho que esse desafio é azeitar bem a equipe e estabelecer uma boa estratégia política.
A gente observou, entre fevereiro e março, um desentendimento na antiga base de apoio do governo Rui Costa, que acabou resultando na saída do vice-governador João Leão e do PP da base. Agora, mais recentemente, a escolha do suplente de Otto Alencar acabou gerando uma insatisfação em alguns partidos da base.
Você avalia haver uma confusão na condução da campanha de Jerônimo e que, talvez por isso, você tenha sido chamado neste momento para coordenar a campanha?
Zero. Tudo isso está superado. Do ponto de vista do PP, do ponto de vista também de outros problemas que tiveram. É normal. Estávamos num problema de decisão de candidatura, de chapa majoritária. E trouxemos o MDB para cá, com Geraldo, que fez um estrago muito grande na base deles. E eles não levaram nem 15% dos prefeitos do PP, que, na grande maioria, ficou com o nosso candidato, com o nosso governo. Por exemplo: nas últimas duas semanas, nós fizemos seis PGPs [eventos de construção do Plano de Governo Participativo do PT]. Na cidade de Jequié, que é governada por um prefeito do PP, presidente da UPB, foi show de bola. Derrotamos ele lá dentro, do ponto de vista político. Fizemos uma grande carreata, com caminhada, muita gente, botamos cinco vezes mais o povo que ele botou lá dentro. Vinte prefeitos do entorno, da região, participando, todos saindo de carreata das suas cidades. Depois, nós fomos para Itaberaba, que o prefeito também que é do PP e que ficou contra nós, e foi uma carreata uma com 1500 carros, com muita gente participando, com o povo na rua aplaudindo. O clube, nós aumentamos o espaço, e não coube a população. Boa parte do povo ficou do lado de fora, porque não teve espaço para todo mundo. Diferente do que está acontecendo com a campanha do nosso adversário [ACM Neto], que está murchando. Veja a quantidade de pessoas que têm participado. Em Conquista, por exemplo, foi um desastre. Em Belo Campo, foi um desastre também. Em vários outros municípios que ele tem ido, como Irecê, tem sido um desastre. Então, nós superamos. Demos inclusive um salto de qualidade na nossa campanha. Montamos a nossa chapa e eles agora estão um problema para escolher o vice. Teve até choro essa semana lá, porque é esse ou aquele, um monte de coisa diferente, rolando dossiê pelo meio, aquelas coisas que eles gostam de fazer. É o que eles sabem fazer, que é fake news e essas coisas de construção de dossiês. Eles estão preocupados agora. Nós estamos bem, com a campanha de Jerônimo crescendo. Além de Itaberaba e de Jequié, nós fomos a Feira de Santana, que foi um espetáculo também. Uma carreata e um grande evento em Feira de Santana, com a presença de Wagner, de Rui, de Jerônimo, todo mundo. Fomos também a Capim Grosso, que foi um sucesso no domingo. Jaguaquara também, que foi uma coisa muito linda. Ou seja, em seis municípios e seis eventos, nós colocamos 141 prefeitos da região. Então, nós estamos realmente num processo de crescimento, na minha leitura, e eles estão no processo que está murchando a candidatura do nosso adversário. E aí começa a brigar ele e Roma pelo segundo lugar. É a briga entre o original e o genérico. O genérico é ACM Neto, que tem o povo dele todo no governo de Bolsonaro e não assume. O outro pelo menos está no governo Bolsonaro e assume. Então deixa os dois brigarem. Nós estamos passando na avenida, com o povo participando efetivamente da nossa campanha e isso tem muito me entusiasmado, porque a campanha tem melhorado a cada instante. E a coordenação se ajustou bem, está bem, nós estamos cada vez mais agregando valor, mais energia a esse processo, no sentido de que a gente possa cada vez mais ter uma coordenação mais heterogênea, mais forte, com a participação dos partidos políticos, para que todos tenham a possibilidade de contribuir e consequentemente construir uma boa estratégia para levar à nossa vitória no primeiro turno, que é o nosso desafio maior.
O senhor citou a chegada do MDB à base do do governo como um baque para o grupo de ACM Neto. Qual foi a participação do senhor nessa construção? A gente teve informações de uma participação ativa sua em conversas tanto com Geraldo Jr. quanto com o vereador Henrique Carballal.
Parece que a gente estava adivinhando que era por ali o caminho. Realmente, nós fizemos um café da manhã com Geraldo na casa de Carballal. Vazou na época, mas ninguém deu muito crédito de que realmente tinha existido a conversa. Depois, conversamos com a direção do MDB, também tomamos um café da manhã. Continuamos outras conversas, mas realmente esse crédito aí foi de Rui, de Wagner, do conjunto das forças políticas nossas. Todos contribuíram da sua forma para que essa coisa acontecesse. Aconteceu bem para caramba. Geraldo está dando um show. Está ótimo a participação dele, deu uma alegria forte à chapa, entusiasmo, uma presença boa de vereadores da Bahia e de Salvador. É o que faz essa junção entre o interior e a capital. Ele faz essa ponte. É muito ótimo isso.
Ainda existem conversas aqui no estado com algum outro partido, para aderir a campanha de Jerônimo?
Claro que tem conversas. A gente não pode parar de conversar. Está afunilando, né? Lá está tendo divergência na montagem da chapa e a gente tem que fazer o que? Conversar. Se você souber alguém queira conversar, você me fale, que eu vou conversar agora mesmo. Eu vou lá rapidinho, para que a gente possa bater um papo, dizer que tem espaço aqui para que possa participar e, consequentemente, vamos abrir os braços para que todo mundo possa participar. Tem certas coisas que a gente não pode falar. Então me desculpe não poder falar agora, mas estamos conversando.
O PDT é um dos nomes?
O PDT sempre nos foi muito simpático. Eu, particularmente, gosto muito do presidente do PDT aqui da Bahia, né? Sempre fomos amigos. Eu já tentei várias vezes conversar com ele e não consegui. Marquei até um almoço e depois não deu certo. Mas meu amigo Félix, eu gosto muito dele e vamos buscar conversar com quem queira conversar. E aí sempre tem alguém querendo conversar.
Vocês ainda tem conversas com o vice-governador João Leão? A saída dele nos pareceu um pouco traumática para a relação.
João Leão pegou a estrada. A gente realmente não achou legal o que ele fez. Mas foi uma vontade dele né? A gente respeita a vontade dele. A gente também tem respeito por ele, então deixa ele seguir. Ele foi candidato a senador, depois retirou a candidatura. Desde o início, está tendo problemas na chapa de lá, né? Ouvi alguns comentários que talvez mudasse de novo. Não sei se é verdade. É o que eu tô ouvindo falar. Estão tendo dificuldade de montar a chapa com o vice, porque teve gente que saiu daqui pensando que tava indo pro céu e foi para o inferno. Uma figura lá achava que ia para o céu, acabou indo para o inferno. Está sendo desprezado pelo time lá. É assim que eles fazem lá. Eu disse a ele: não caia na conversa do diabo. Não estou dizendo que ninguém é diabo não, mas tem esse ditado: cuidado com o diabo, o tinhoso é perigoso. Então, foi dizendo que aqui não prestava e tem gente que já se arrependeu, que quer retornar. Mas a vida política é assim: cada um assume aquilo que achar mais conveniente, mais correto para seus interesses próprios.
Fonte: Bahia Notícias